“Food for thought” para começar: Quem é que ainda compra DVDs?
A Netflix não começou como o serviço de streaming que nos dá conteúdo para nos entretermos diariamente na nossa televisão ou computador.
- Há dez anos: a empresa americana operava só do outro lado do Atlântico e era conhecida pelos seus envelopes vermelhos que chegavam a casa das pessoas com os DVDs que encomendavam através da sua plataforma.
- Entretanto... aconteceu “House of Cards”, “Orange Is The New Black”, “Narcos”, “Ozark”, “Stranger Things”, entre outras séries e filmes, produzidos ou licenciados pela Netflix, que passaram a estar disponíveis para visualização direta na sua plataforma online e que acabaram com a entrega de DVDs, certo? Nem por isso.
- Agora: apesar de já não ser o seu principal negócio, através do seu serviço DVD.com, a Netflix continua a entregar DVD’s em diversas áreas, nomeadamente, aquelas em que a conexão a uma rede de Internet é mais complicada.
- Fun Fact: de acordo com a The Hustle, no último trimestre de 2019, cerca de dois milhões de pessoas utilizaram este serviço, com a Netflix a ter um lucro de 17.34 dólares/por utilizador, superior aos 13.06 dólares/por utilizador do streaming, nos EUA. Claro que a dimensão não é comparável (a Netflix tem atualmente 182 milhões de subscritores no mundo inteiro), mas talvez continue a haver um futuro para os DVDs.
Um domingo à tarde com “Thor”
Más notícias: a Disney não lançou mais um filme de um dos seus heróis da Marvel.
Boas notícias: a Netflix, lançou “Tyler Rake: Operação de Resgate” (o nome original é Extraction), protagonizado por Chris Hemsworth (que interpreta Thor no universo Marvel) e produzido pelos irmãos Russo (responsáveis por quatro dos filmes da Marvel, incluindo os últimos dois Avengers).
A história acompanha um mercenário chamado Tyler Rake, contratado para salvar um jovem, filho de um mafioso indiano, que acabou raptado no meio de um conflito entre gangues rivais. A tarefa é muito “simples”: entrar na cidade controlada pelo gangue rival, recuperar o rapaz e sair da cidade com ele intacto. Quando a missão parecia estar a decorrer na perfeição, a equipa de Rake acaba repentinamente assassinada e este apercebe-se que algo está errado e que vai precisar de um plano B para salvar o rapaz e enfrentar as forças de segurança de uma cidade inteira… sozinho.
- Duas horas de ação tornam o programa perfeito para um domingo à tarde com longas cenas de luta e de perseguição, filmadas com apenas uma câmara, bem como um final que nos deixa na dúvida.
- Comparações com “John Wick”: no seu Twitter, os irmãos Russo publicaram uma fotografia em que colocaram a personagem de Chris Hemsworth em confronto com o assassino protagonizado por Keanu Reeves na trilogia “John Wick”, e deixaram a questão “Quem venceria este combate?”. Deixo ao critério do leitor (mas apostava em Keanu Reeves. Sempre).
Ode a um verão normal
Tudo indica que vamos ter um verão diferente. Os efeitos da pandemia ainda se fazem sentir um pouco por todo lado e mesmo que os Estados de Emergência terminem na maior parte dos países, os meses de calor vão ser caracterizados por cuidados extra de circulação e em idas à praia.
Ora, “Summertime“ é um teen drama italiano completamente alienado da nossa realidade atual. Existe um conjunto de jovens que estão prestes a acabar as aulas e que têm uma série de planos para o seu verão. As personagens principais são Summer, uma jovem que ironicamente odeia o verão e que quer passar os próximos meses a trabalhar, e Ale, um menino-prodígio do motociclismo que apenas quer umas férias normais e afastar-se das corridas. De mundos diferentes, os seus destinos acabam por se cruzar, primeiro numa de festa de final de ano e depois no hotel onde Summer vai trabalhar no verão, que é gerido pela mãe de Ale.
Numa pequena cidade paradisíaca na costa do Adriático, a sua relação vai-se desenvolvendo, com alguns dilemas amorosos à mistura e com desafios na relação com os seus amigos. A receita ideal para uma narrativa simples e leve, que não se esquece da parte visual e nos faz sentir saudades de um verão que provavelmente não vamos ter.
- Isto faz-me lembrar: com as devidas diferenças, quem gostou do ambiente solarengo de The O.C poderá encontrar algumas parecenças.
- Inspiração: a série tem como base o romance italiano Tre metri sopra il cielo (“Três metros sobre o céu”) que, em 2010, foi adaptado para um filme espanhol chamado Tres metros sobre el cielo (disponível no YouTube).
- Onde ver a série: os oitos episódios de “Summertime” estão disponíveis na Netflix.
Do punk ao rap, apenas três amigos que queriam fazer música
Confesso que a única coisa que conhecia de Beastie Boys antes de ver o seu documentário “Beastie Boys Story” era o seu hit “Fight For Your Right”. Não fazia ideia da história da banda, do percurso dos seus membros e apenas reconhecia a capa do seu álbum de estreia “License To Ill” porque o Eminem foi acusado de copiar a banda com o seu álbum Kamikaze (com razão, diga-se).
“Beastie Boys Story” foi realizado por Spike Jonze (“Being John Malkovich” e “Her”) e é um documentário diferente. Em vez do tradicional modelo de combinar o testemunho de membros e pessoas relacionadas com a banda, o documentário consiste na gravação de um espetáculo ao vivo, em que Mike D e Ad-Rock, dois dos três membros do conjunto de Nova Iorque, contam a sua história (Adam “MCA” Yauch morreu em 2012, vítima de um cancro), com um suporte visual de um ecrã no palco, que vai passando testemunhos e vídeos antigos relacionados com a banda.
Como se conheceram no mundo do punk, o seu envolvimento na criação da famosa editora DefJam, o sucesso do seu álbum estreia e os altos e baixos que se seguiram são algumas das histórias que são contadas com um toque pessoal neste documentário disponível na Apple TV+.
- 20 milhões: é o número de álbuns vendidos pela banda nos EUA, tornando os Beastie Boys o grupo de rap com mais vendas no país.
- Já que falamos de música: a playlist Beastie Boys Essentials no Apple Music foi a minha companhia esta semana.
Créditos Finais
- Vejam as Conversas de Roupão, liveshow apresentado pelo Samuel Úria às sextas-feiras às 16h00 no Instagram do SAPO24. A convidada desta semana foi a fadista Gisela João.
- Um Festival de Cinema no Youtube? É verdade e vai acontecer a partir de dia 29 de maio e durante 10 dias. A iniciativa tem o nome de We Are One e pretende recolher apoios para a Organização Mundial de Saúde.
- A RTP Palco é a nova aplicação do serviço público de televisão para fazer chegar ao público de uma forma gratuita espetáculos de ópera, teatro, dança e música, bem como alguns documentários e conteúdos de bastidores.
- O Facebook anunciou que está a pensar criar uma plataforma para que artistas possam ser monetizados por espetáculos em livestream que façam na rede social.
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