Aos vários debates juntam-se projeções de cinema e espetáculos musicais, entre outras iniciativas, com a presença confirmada das históricas The Raincoats, banda 'post-punk' britânica que conta com a portuguesa Ana da Silva, a DJ Caroline Lêtho e a produtora tunisina Deena Abdelwahed.
O certame tem como objetivo, segundo a direção do festival, a cargo de Rodrigo Araújo e Daniela Ribeiro, "partir dos pontos de vista das várias correntes do feminismo (…) e colaborar com artistas locais, ativistas e pessoas da academia que trabalham estas questões, e concentrá-las na programação, que este ano está mais compacta”.
À reflexão pretende a organização juntar outras questões, transversais à sociedade, como as da “gentrificação e dos direito de habitação”, que vão dominar uma conversa a realizar no Museu do Aljube, a incidir sobre estes temas e os processos de exclusão.
Debater a vulnerabilidade política de processos de exclusão vividos por grupos com origem étnico-racial minoritários, como “não-brancos, não-portugueses e elementos da comunidade LGBTQIA [Lésbica, Gay, Bissexual, Transsexual, Queer, Intersexual e Assexual]“ são, segundo Rodrigo Araújo, objetivos da iniciativa.
Em pleno século XXI continua a ser necessário “tirar o pó” de questões que muitas vezes são postas de lado e que estão relacionadas com as comunidades lésbicas, gays, transsexuais, entre outras, sublinhou Rodrigo Araújo.
O Rama em Flor, que este ano vai na segunda edição e que sucede ao Ladyfest, iniciado em 2000 em vários países, procura assim juntar artistas, investigadores e ativistas locais e internacionais no sentido de criar espaços de encontro e debate, aumentando a representatividade feminina e transsexual, incitando a consciência política e a atividade cívica e estimulando a liberdade das identidades e expressões de género, referiu Rodrigo Araújo.
Este ano, além da galeria Zé dos Bois (ZDB), onde tem lugar a festa de abertura, Damas, Lounge e Rua das Gaivotas, o festival acontecerá em quatro novos espaços: Museu do Aljube, Trienal de Arquitetura de Lisboa, espaço da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) e Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
Integrado nas Festas de Lisboa, o certame conta com diversos organismos como parceiros, entre os quais o Festival Feminista de Lisboa e a associação ILGA.
O Rama em Flor propõe-se também a ser um agente de mudança social, criando um ecossistema de partilha e participação, e utilizar um modelo baseado na colaboração entre os vários agentes culturais, sociais e institucionais da cidade, público, artistas, instituições e investigadores.
Entre as iniciativas a realizar nesta edição do festival contam-se uma conversa, na Faculdade de Belas Artes, sobre a recolha de dados de origem étnico-racial nos censos, que é considerada anticonstitucional em Portugal, apesar de algumas pressões das Nações Unidas e de associações de afrodescendentes que contestam o facto de isso não permitir que haja informação sobre as comunidades étnicas a residir em Portugal.
Um programa de cinema, com filmes sobre o impacto que a vigilância digital tem sobre os corpos 'queer', faz também parte da programação.
Uma festa de abertura, a realizar em 27 de junho no terraço da ZDB, uma conversa com poetas e escritores sobre o seu processo criativo, subordinada aos temas “Poesia, literatura, intenção e intervenção política”, outra sobre “Identidade, género e violência”, espetáculos musicais, com DJ, e uma festa de encerramento integram também o programa.
Entre os espetáculos musicais, além das Raincoats, da DJ Caroline Lêtho e de Deena Abdelwahed, haverá ainda, numa 'after party', as participações dos DJ Ajax e Mo Probs e da artista Aurora Pinho, que irá apresentar o seu mais recente projeto, “Útero”.
O festival conta ainda, entre outras, com a produtora No Bra, também conhecida por Susanne Oberbeck, e Vaiapraia e as Rainhas do Baile.
A segunda edição do Rama em Flor contempla ainda uma feira de ‘fanzines’, uma iniciativa em colaboração com o Festival Feminista de Lisboa, que visa dar espaço a edições independentes de artistas e editoras LGBTQIA.
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