Até segunda-feira, dia 19 de novembro, quando passam 199 anos sobre a criação do Museu do Prado, os 11 mil metros quadrados das fachadas do Palácio Villanueva, em Madrid, edifício principal da instituição, vão ficar cobertos com quinze lonas que reproduzem 11 pormenores de nove obras da coleção.
“A disputa de Jesus com os doutores no templo”, de Veronese, “A coroação da Virgem”, de Velázquez, e “A Trindade”, de El Greco, vão decorar a fachada oeste, onde se encontra a porta de Velázquez, enquanto “A Virgem com o menino entre S. Mateus e um Anjo”, de Andrea del Sarto, “Madalena Penitente”, de José Ribera, e “A Sesta”, de Alma Tadema, vestem a fachada leste.
“Cristo abraçando S. Bernardo”, de Francisco Ribalta, cobrirá a fachada sul, onde está a porta Murillo.
A cobertura da fachada norte, junto à porta Goya, será revelada ao público na próxima segunda-feira, na inauguração do ano de bicentenário do museu, que prevê uma programação especial com atividades em mais de 30 cidades de Espanha, centrada em protagonistas da sua coleção, como Velázquez, Goya, Bermejo, Fra Angelico, e pintoras como Sofonisba Anguissola e Lavinia Fontana.
A exposição comemorativa tem como título “Museu do Prado – Um Lugar de Memória – 1819-2019″, e fica patente desde a próxima segunda-feira até 10 de março de 2019.
O ano do bicentenário encerrará com a abertura de “Prado 200″, no dia 01 de novembro de 2019, e de “Desenhos de Goya: Só a Vontade Me Sobra”, também a inaugurar a 19 de novembro do próximo ano, ficando patente até fevereiro de 2020.
No âmbito das comemorações, o Prado irá fazer também a montagem da exposição “Vozes do Prado. Uma história oral”, com testemunhos daqueles que colaboraram com o museu, desde 1940 até à atualidade, e mostrar a “Memória audiovisual do Museu do Prado”, com uma seleção dos registos fílmicos mais relevantes feitos sobre as suas coleções, desde 1907 até à atualidade, que também abrirá na próxima segunda-feira.
“Giacometti no Prado”, a inaugurar em abril do próximo ano, “Fra Angelico e os inícios do Renascimento em Florença”, a inaugurar em maio, “Velázquez, Rembrandt, Vermeer. Afinidade de Olhares em Espanha e Holanda”, em junho, e “Sofonisba Anguissola e Lavinia Fontana, dois modelos de mulheres artistas”, em outubro, são outras exposições anunciadas para a comemoração do bicentenário, em 2019.
A estas juntar-se-ão “Velázquez e o Século de Ouro”, que encerra a 03 de março de 2019, “Arte e Mito: Os Deuses do Prado”, até 06 de janeiro de 2020, e “Cartilhas Espanholas para Aprender a Desenhar, nos Séculos XVII e XVIII”, a inaugurar em outubro de 2019.
O Prado tem patente uma grande exposição dedicada ao mestre Bartolomé Bermejo, “uma das personalidades mais fascinantes do panorama artístico da segunda metade do século XV”, como o define o museu e o curador da mostra, o professor Joan Molina.
Esta mostra, que encerra em 27 de janeiro de 2019, conta com o quadro “S. Cosme”, do mestre de Aragão, emprestado pelo Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.
O edifício do Museu do Prado foi desenhado por Juan de Villanueva em 1785, por ordem de Carlos III, para acolher o Gabinete de Ciências Naturais, mas foi o seu neto Fernando VII, “impulsionado pela mulher, a rainha portuguesa Maria Isabel de Bragança, que tomou a decisão de destinar o edifício à criação de um Real Museu de Pintura e Escultura”, como recorda a página da instituição.
Já enquanto Museu Nacional do Prado, aquele espaço abriu ao público a 19 de novembro de 1819, com 311 pinturas da Coleção Real, todas de autores espanhóis, embora tivesse já em sua posse 1.510 obras.
“As valiosíssimas Coleções Reais, gérmen da coleção do atual Museu do Prado, começaram a ganhar forma no século XVI, sob os auspícios do imperador Carlos V, e foram sucessivamente enriquecidas por todos os monarcas que se seguiram. A eles se devem os tesouros mais emblemáticos que se podem contemplar hoje no Prado”, acrescenta a história do museu, que salienta a presença de obras como “O Jardim das Delícias”, de Bosch, e “As Meninas”, de Velasquez, entre outras.
A exposição comemorativa vai percorrer os 200 anos do museu, assinalando o diálogo com a sociedade, a política patrimonial espanhola, e as tendências da criação das várias coleções que detém.
O Prado é o museu mais visitado em Espanha, e um dos mais visitados do mundo, com cerca de 2,7 milhões de entradas vendidas, por ano.
Os programas “De passeio por Espanha”, “O Prado nas ruas” e “Hoje toca o Prado” irão levar o património artístico e os recursos educativos da instituição a 30 cidades espanholas, no ano do bicentenário.
Também serão festejados os 150 anos da nacionalização das coleções reais e o 80.º aniversário da recuperação das obras que foram retiradas durante a Guerra Civil de Espanha (1936-1939).
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