O número de insetos está a diminuir e os culpados podemos ser nós devido ao uso de pesticidas e produtos domésticos, diz o The Guardian. Entre esses pesticidas estão os produtos utilizados contra as pulgas nos cães e gatos, tratamentos contra as formigas, detergentes e herbicidas.

Isto acontece porque os produtos que contêm fipronil e imidacloprida foram considerados altamente tóxicos, por exemplo, para as abelhas. Estes produtos provocam agitação, convulsões, tremores e paralisia nos insetos. Mas não são só eles que estão em risco.

Habitualmente, os cães gostam de nadar em mares, lagos e rios. O que os tutores não se lembram é de antes não utilizar os produtos contra as pulgas, ou outros produtos químicos, no pelo do cão. Como consequência, a vida selvagem pode ficar em risco já que nestes produtos estão os poderosos pesticidas fipronil, permetrina, imidacloprido, dinotefurano e nitenpiram.

A publicação britânica noticiou que, através de um recente estudo da Wildlife Trusts, o fipronil, frequentemente utilizado em tratamentos contra pulgas em animais de estimação, foi encontrado em 99% das amostras de 20 rios, na Inglaterra. Já o imidacloprido, utilizado para matar formigas ou eliminar pulgas, também foi encontrado em níveis bastantes elevados.

Aos tutores de cães, os conservacionistas recomendam não usar tratamentos com pesticidas. Por sua vez, sugerem a monitorização regular das pulgas, penteando os animais e verificando-os após as saídas à rua.

A Wildlife Trusts alertou ainda que os líquidos de lavar louça e produtos de limpeza podem, igualmente, ser prejudiciais à vida animal, incluindo insetos e peixes. “(...) algumas marcas próprias de supermercados têm bons produtos feitos de ingredientes naturais e ecologicamente corretos”, disse, incentivando à sua compra.

Já a Buglife escreveu um manifesto pelos insetos, onde solicita ao governo britânico que adote uma postura mais dura em relação aos produtos químicos domésticos. Ao mesmo tempo, a instituição pede uma maior atenção à utilização de medicamentos veterinários, e uma investigação completa sobre os riscos ambientais representados por estes e pelos produtos químicos domésticos.

“Também estamos preocupados com os coformulantes, em vez de apenas com o ingrediente 'ativo' contra o qual muitos produtos são 'avaliados'. Por exemplo, alguns herbicidas à base de glifosato podem causar altos níveis de mortalidade em abelhas, mas não é o ingrediente ativo que é prejudicial, mas os outros ingredientes que estão incluídos no produto pesticida. De particular preocupação são os etoxilatos de álcool que agora estão diretamente implicados na sobrevivência das abelhas. Esses coformulantes não estão sujeitos a testes de segurança comparáveis", salientou um porta-voz da Buglife ao The Guardian.

Apesar das conclusões do estudo terem sido obtidas com base em dados do Reino Unido, as organizações alertam para fenómeno no mundo inteiro.