Ouça aqui a conversa com Salvador Martinha na íntegra:
Salvador Martinha esteve no do podcast Acho Que Vais Gostar Disto e numa conversa carregada de boa disposição - como seria de esperar -, falou-se de muita coisa: sobre se a validação dos seus pares de profissão ainda é coisa que o afeta ou precisa, as diferenças entre fazer e pensar "Sou Menino Para Ir" para o YouTube e televisão ou até aquilo que considera ser a definição de "génio".
Mas também se conversou sobre como surgiu a ideia de escrever e criar "PLIM - Passa lá na Agência", peça de teatro sobre uma agência de influencers que vai estrear no final do mês no Tivoli em Lisboa e que depois vai chegar ao palco do Teatro Sá da Bandeira, no Porto. Quem segue Salvador Martinha nas redes sociais provavelmente até já deu conta de algumas conversas entre o agente PLIM e "Van", a cliente predileta. Agora, a história tem um novo capítulo graças a um texto trabalhado juntamente com João Maria (o fiel Ron-Ron) e no qual vamos assistir "à chegada da maior campanha de sempre" da agência.
De onde veio a inspiração para criar a personagem? Ao Acho Que Vais Gostar Disto, explica que do seu próprio agente, do que o rodeia, do que vê pela Internet, e até da sua experiência com promotores e outras pessoas ligadas ao meio.
"Acho que existe um vocabulário entre os agentes muito comum a todos. O meu agente não é agente de influencers, mas tem uma forma muito própria de fazer as suas publicações, que me influenciou muito", conta, indicando que vai "buscar um bocadinho a todas as pessoas", mas, na essência, a personagem "vai reproduzir 20 anos de telefonemas" que teve com produtores e outras pessoas ligadas à indústria do entretenimento e espetáculo.
E, não. Salvador Martinha não tem um "Fake Insta" [uma conta extra e de caráter mais pessoal, de modo a que o utilizador possa publicar fotografias e interagir com outras pessoas de uma forma mais privada, reservando o "estatuto" de seguidores para amigos próximos. No fundo, garantir uma navegação na plataforma de forma mais anónima].
"Eu sou aquele gajo que aparece a ver a história [no Instagram] dos outros. Não me estou a esconder", diz, justificando que prefere ser assim para ter a "cabeça limpa" e a sua liberdade. "Mesmo que eu tenha podres gosto de expô-los. Liberdade também é isso", remata.
Acabar a carreira aos 40?
Antes, a conversa também revisitou uma entrevista ao programa "Alta Definição" (com alguns anos…), onde o humorista afirmou ter intenções de acabar a carreira aos 40 anos. Agora, chegado aos 39 e próximo da idade visada, perguntámos se essa intenção ainda se mantinha.
"O que é que eu aprendi com essa frase? Estão todos a confrontar-me com essa frase. Primeiro, isto prova que foi uma frase forte. Segundo, por ego, quase me apetecia acabar agora. Era uma palavra de aço e isso ia fortalecer muito o ego", diz.
A resposta que se segue, confessamos, não foi nenhum exclusivo. Mas foi um update digno e sério.
"Agora que começo a pensar nessa frase não sei se não envelheceu mal e não sei se não era eu querer controlar o meu fim. O fim da minha vida profissional ou da minha exposição. Se calhar fui-me libertando disso porque não sei se vou ter esse controlo", começa por dizer, acabando a resposta num tom mais sério e explica que o seu problema com a frase e o limite dos 40 está na exposição.
Ou seja, quando Salvador Martinha disse que queria deixar de fazer comédia aos 40, não era no sentido de "não faço mais humor", nem de "abandonar a criatividade". Era só na parte do "aparecer" — porque considera que o "aparecer" é desgastante e violento.
"Ser discreto, ser discreto na vida é bom. No fundo, estar calado. E estar calado é excelente. Aparecer cria-te imensos problemas", conta. A intenção sempre foi continuar a trabalhar, nomeadamente a realizar, a produzir, a escrever. Mas tudo isto sem aparecer.
Porém, "se ficar rico entretanto..."
O episódio do podcast Acho Que Vais Gostar Disto está disponível na íntegra nas plataformas habituais.
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