Tudo aconteceu quando chegou o momento de realizar uma cena que envolvia Uma Thurman a conduzir um automóvel, no México, durante os últimos dias das filmagens de "Kill Bill", em 2003-04. A atriz disse que não se sentia à vontade para guiar e sugeriu que fosse um duplo a fazê-la. Contudo, Tarantino insistiu para que fosse própria a conduzir o veículo.
Durante a cena, Thurman acaba por ir contra uma árvore, acidente que lhe deixou lesões irreversíveis nos joelhos e pescoço. A explicação foi dada numa entrevista publicada na sexta-feira, dia 2 de fevereiro, no New York Times.
O realizador, no entanto, veio agora falar sobre a sua versão dos factos, esta segunda-feira, dia 5 de fevereiro, numa longa entrevista à Deadline.
"Sou culpado por tê-la colocado no carro, mas não da maneira como as pessoas estão a dizer que sou culpado. Era só conduzir. Nenhum de nós olhou para aquilo como uma cena para duplos. Talvez o devêssemos ter feito, mas não o fizemos. Tenho a certeza que, quando o assunto me foi dirigido, que revirei os olhos e fiquei irritado. Mas tenho a certeza que não estava irado e não estava furioso", disse.
Todavia, Tarantino corrobora com as queixas feitas por Thurman. O realizador terá pedido para a atriz conduzir a uma determinada velocidade, de modo a que o seu cabelo pudesse "esvoaçar na melhor maneira". No entanto, momentos antes de serem iniciadas as gravações, devido a problemas com a iluminação, a direção do trajeto foi revertida — ainda que na mesma estrada. Mas não foi testada a sua segurança.
"Eu disse-lhe que ia ficar tudo OK. Eu disse-lhe que a estrada era em linha reta. Eu disse-lhe que seria seguro. E não era. Eu estava errado. Eu não a forcei a entrar no carro. Ela entrou no carro porque ela confiava em mim. E ela acreditava em mim", começou por explicar, antes de aprofundar a situação.
"Isto foi exatamente o que aconteceu. Pensei: isto é uma estrada a direito e não considerei que tivesse a necessidade de a testar outra vez para garantir que não havia qualquer coisa diferente, indo na direção oposta. Novamente, isto é um dos maiores arrependimentos da minha vida. Como realizador, aprendemos coisas e às vezes aprendemos com erros horríveis. Este foi um dos meus maiores erros; não ter perdido tempo a testar a estrada, mais uma vez, só para ver aquilo que veria", completou.
Porém, no mesmo dia em que é revelada a sua versão dos factos, de acordo com o The Guardian, surge um ficheiro áudio, em que é possível ouvir o Tarantino sair em defesa de Roman Polanski. O franco-polaco é acusado de ter violado Samantha Gailey Geimer, no dia 10 de março de 1977, numa residência que pertencia ao ator Jack Nicholson. Polanski reconheceu ter tido uma relação sexual com Geimer, na altura com apenas 13 anos, mas negou tê-la violado.
Segundo a gravação, o realizador de Pulp Fiction afirma que a jovem "estava afim" e que o termo "violação" é apenas um "chavão" que não se aplicava à situação, segundo o jornal britânico. Trata-se de uma entrevista ao radialista Howard Stern, em 2003.
"Ele não violou [a rapariga] de 13 anos anos. [...] Ele fez sexo com uma menor. Isso não é violação. Para mim, quando utilizas o termo “violar”, estás a falar sobre violência, arremessar alguém — é um dos crimes mais violentos do mundo… Usar a palavra violação é como usar a palavra racista. Não se aplica em todas as situações que as pessoas a utilizam. Ela queria ter [sexo]! Ela andou com ele!", disse Tarantino.
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