A taurina é um ingrediente comum em bebidas energéticas e leite para bebés, e descobriu-se recentemente que pode também ser o novo elixir da juventude, que permite aumentar a longevidade humana. Esta é uma conclusão de um estudo publicado na revista Science, testado em nemátodos, pequenos ratos e macacos.
Esta substância é um aminoácido produzido pelo corpo e consumido pelos seres humanos através de carne e outros produtos como as bebidas energéticas. O estudo da Universidade de Columbia não prova que ter mais taurina retarde o envelhecimento, porém prova que existe uma associação entre os níveis baixos desta substância e condições como diabetes e obesidade.
Estes resultados levaram cerca de 11 anos a serem elaborados e foram obtidos por uma equipa de investigação em que os cientistas começaram por testar os efeitos da taurina em nemátodos (animais microscópicos parecidos com minhocas), passaram para pequenos roedores e depois aplicaram suplementos de taurina em macacos.
"A sociedade humana está a envelhecer. O envelhecimento está associado a mudanças na constituição molecular dos organismos e a nossa pesquisa por moléculas que possam tornar o envelhecimento mais saudável continua. Nesta nossa busca para identificar tais moléculas, realizámos em 2012 uma triagem metabolómica do sangue em humanos idosos. Esta análise mostrou que uma das moléculas mais dramaticamente reguladas para baixo era a taurina. A taurina é uma pequena molécula atípica produzida dentro dos nossos corpos e também obtida através da dieta. Desde a sua descoberta há 200 anos, os níveis de taurina demonstraram estar associados a vários parâmetros de saúde. No entanto, não se sabe se a taurina afeta o processo de envelhecimento", refere um dos investigadores principais do estudo, Vijay Yadav, geneticista da Universidade de Columbia, na rede social LinkedIn.
"Para descobrir se a abundância de taurina que diminui com a idade é um motor que participa ativamente no processo de envelhecimento, demos taurina a pequenos ratos de meia-idade, porque sabíamos que os níveis de taurina eram baixos nestes animais. Esses ratos suplementados com taurina viveram mais e com mais saúde. Em média, as fêmeas viveram 12% mais e os machos cerca de 10%. A taurina fez com que os animais vivessem uma vida mais saudável e longa, afetando todas as principais características do envelhecimento nas células", explica.
A taurina ainda associada à saúde destes pequenos roedores e macacos levou a melhorias nos aspetos de força óssea, coordenação muscular e memória. Seis macacos rhesus de meia-idade alimentados com taurina extra durante seis meses pareciam mais saudáveis, pesavam menos, tinham ossos mais densos e mostravam sinais de melhor saúde metabólica em comparação com cinco macacos que não receberam a substância.
Segundo o investigador, o objetivo de testar a substância em macacos foi "aproximar o estudo o máximo possível dos humanos". Nestes casos, os macacos suplementados com taurina ganharam menos peso, eram mais magros, tinham melhor glicose em jejum, menos danos no fígado, maior densidade óssea e um sistema imunológico de aparência mais jovem, segundo o estudo.
Yadav e a sua equipa analisaram ainda dados de quase 12.000 pessoas e descobriram que indivíduos com obesidade ou diabetes tinham menos taurina no sangue do que pessoas sem a doença. Assim, concluíram que a falta da substância talvez possa explicar alguma das condições mais típicas do envelhecimento.
Foi ainda realizada uma experiência separada, em que os cientistas juntaram atletas e pessoas sedentárias (todos homens) para completar um exercício de bicicleta estática, e perceberam que todos aumentaram os níveis de taurina em resposta ao exercício físico.
Quanto a saber se os suplementos de taurina, como é o caso das bebidas energéticas, melhoram a saúde das pessoas, “precisamos de esperar por um ensaio clínico”, diz Yadav.
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