Norma B., acusada da morte do marido, é a personagem que domina a ação em “Fake”, que se estreia no dia 19, no Teatro Nacional D. Maria II.
Partindo do tema das ‘fake news’, da fabricação da verdade, das tensões entre a verdade e a mentira e da informação e desinformação, este texto de Inês Barahona e Miguel Fragata pretende colocar a questão sobre o que acontece quando o teatro invade a realidade, disse Miguel Fragata à agência Lusa.
A vontade de trabalhar o tema das ‘fake news’ e da grande dificuldade em destrinçar a verdade da mentira, levou a dupla de artistas a fazer uma reflexão sobre estas fronteiras, de modo a que “fosse um bocadinho mais abrangente e pudesse também pôr em diálogo ou pôr em questão as próprias convenções do teatro”, acrescentou Miguel Fragata.
“O teatro, por definição, é o lugar da mentira, o lugar para onde nós convergimos de livre vontade com um bilhete na mão para ir assistir”, frisou o também responsável pela encenação.
Por isso, a dupla tentou averiguar de que forma é que esse movimento “pode ser também uma espécie de metáfora para aquilo que se passa hoje em dia no mundo com a informação que recebemos, com a mentira espalhada por todo o lado”, disse.
Até porque, como advertiu o autor e encenador, “no mundo real não temos um bilhete que nos proteja da mentira”. Ou seja, “não sabemos quando é que um espetáculo acaba. E o teatro dá-nos essa segurança, porque o jogo dos atores assenta precisamente nisso”.
Assim, ao longo da presença da peça em cartaz, cada noite há uma atriz nova a representar o papel da protagonista: Beatriz Batarda, Sandra Faleiro e Teresa Madruga.
“Nunca sabemos quem vem, qual delas vem e elas vão-se revezando entre si as três. E, para obterem o papel de protagonistas, são submetidas a um ‘casting’ durante a peça”, explicou ainda Miguel Fragata.
“Fake” é falado em português, com legendas em inglês, e vai estar em cena na sala Garrett até 05 de abril, com espetáculos à quarta-feira e sábado, às 19.00, às quintas e sextas, às 21:00, e, aos domingos, às 16:00.
No dia 29 haverá uma sessão em Língua Gestual Portuguesa e, depois, uma conversa com o público enquanto a última récita terá áudio-descrição.
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