Quando se fala de true crime, o grande nome do streaming que nos vem logo à cabeça é, por norma, a Netflix. E é justo que assim seja. Para além de esta ser a plataforma mais consumida, é também a responsável por algumas séries e filmes, de estilo documentário ou ficção, que se basearam em casos reais. Não é à toa que muitos conhecem as referências de conteúdos como “Don't F**k with Cats”, “Conversations with a Killer: The Ted Bundy Tapes” e “Making A Murderer”.
Mas a verdade é que tenho estado atenta à concorrência e cada vez vejo mais histórias deste género muito bem contadas noutras plataformas. É o caso da HBO Max. Há algumas semanas já vos tinha falado de “Landscapers”, a série onde a dupla Olivia Colman e David Thewlis contracenam para dar vida a um casal que demonstrou o seu amor através de um assassinato. Agora, chegou a vez de outra grande dupla brilhar na plataforma com outra tragédia baseada em acontecimentos reais.
Se bem se lembram, já tinha dito no podcast que “The Staircase” era uma das estreias pela qual estava mais ansiosa no mês de março. A série chegou há uns dias à HBO Portugal e, pelo que vimos até agora, faz jus à expectativa.
O primeiro episódio começa com uma chamada para o serviço de emergência. Uma escolha que, apesar de cliché, funciona bem para nos situarmos na história. De um lado, está a assistente que pretende ajudar a prestar socorro. Do outro, Michael Peterson (Colin Firth), que, para além de marido, pai biológico e adotivo e padrasto, é também um famoso escritor norte-americano. Ofegante durante toda a chamada, Michael pede ajuda depois de ter encontrado a sua mulher, Kathleen (Toni Collette), no fundo das escadas rodeada de sangue.
Kathleen acaba por morrer e aquilo que inicialmente parecia um cenário acidental acaba por se tornar num caso de investigação da Polícia em que Michael é o principal suspeito de ter assassinado a mulher. Depois, ao longo dos episódios, vamos acompanhando todo o desenrolar dos acontecimentos, alternando entre três timelines: O que aconteceu alguns meses antes da morte de Kathleen, o que aconteceu no dia e nos instantes seguintes ao ‘acidente’ e como está Michael muitos anos depois do julgamento.
Pelo meio, metem-se mentiras de família, acusações do passado e descobertas que fazem com que Michael pareça cada vez menos inocente. Os filhos de ambos acabam por se dividir entre opiniões, vemos as diferentes versões que tanto a defesa como a acusação orquestram para convencer o júri em tribunal e às tantas até aparece uma equipa que procura fazer um documentário sobre o caso durante o julgamento. É uma confusão, mas não nos podemos esquecer que tudo isto é real.
Pontos fortes da série: Colin Firth, Colin Firth, Colin Firth e Colin Firth! Não é que Toni Collette esteja mal, muito pelo contrário, mas a verdade é que, por apenas aparecer nas cenas que retratam flashbacks, a sua personagem acaba por ter um bocadinho de menos destaque. O Michael de Colin Firth acaba mesmo por ser aquilo que mais nos prende, ora porque está a fazer de coitadinho, ora porque está a mostrar o seu lado mais sacana e manipulador que nos faz desconfiar tanto da sua culpa como da sua inocência. Para além disso, e sem querer dar grandes spoilers, há cenas homoeróticas que são perfeitas para criar empatia pela sua personagem e para quebrar o clima de tensão.
Pontos fracos da série: Os três episódios que saíram até agora têm todos mais de uma hora. No total serão oito (a partir de agora vai estrear um episódio por semana) e, se todos tiverem esta duração, pode tornar-se num formato um pouco cansativo, especialmente se tivermos em conta que se trata de uma história que não é nova e cujo resumo encontramos facilmente num vídeo de 10 minutos no YouTube.
De um modo geral, o meu veredicto é: vejam! A série está muito bem feita e realizada, Colin Firth está soberbo e, na minha opinião, esta versão da história (ou pelo menos a parte a que temos acesso à data de escrita deste texto) é melhor do que a versão documentário (também chamada “The Staircase”), que já estava disponível na Netflix.
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