Exibido pelas 19:00 no âmbito da secção Semana dos Realizadores do Fantasporto, que decorre até 4 de março no Teatro Municipal Rivoli, no Porto, “Uma Vida Sublime” questiona a definição de felicidade e os “conceitos contrastantes” do que é uma boa vida, explicou à Lusa o realizador.
O filme conta a história de Dr. Ivan (Eric da Silva), um homem que “tem a vida perfeita, uma mulher que ama, o emprego que sonhou, e dinheiro suficiente para desfrutar da vida ao máximo”, segundo a sinopse.
“A única coisa que o impede de ter uma vida sublime, é não conseguir ser feliz rodeado de tristeza. (...) Tenta combater a infelicidade alheia, com dois métodos radicais: o diagnóstico de cancros terminais falsos e a eliminação temporária de alguns dos cinco sentidos das suas ‘vítimas’”, pode ler-se na apresentação da obra.
“Na minha vida esteve sempre presente uma certa discussão com as pessoas de como deveria ser uma vida sublime, e os meus conceitos do que ela é. Foi daí que surgiu uma personagem, que talvez tenha ideias próximas das minhas, mas se calhar as coisas não são assim tão simples, porque não há regras que sejam aplicáveis a todos”, contou Luís Diogo, que adiantou que o filme é “mais sobre levantar questões do que dar respostas”.
Sobre o final da história, que é “fechado na narrativa mas aberto na temática, para os espetadores discutirem o filme”, Diogo afirmou que surgirão “várias questões e opiniões” divergentes sobre a ideia de felicidade.
O realizador, que trabalha também como professor de educação visual, estreou-se como realizador de longas-metragens com “Pecado Fatal”, em 2012, que veio a ser exibido em 36 festivais de 20 países diferentes, incluindo no Fantasporto.
Antes, já tinha escrito o argumento de “A Bomba”, realizado em 2002 por Leonel Vieira, bem como o guião de “Gelo”, de Luís e Gonçalo Galvão Teles, que também teve estreia no Festival Internacional de Cinema do Porto.
Produzido pelo Cineclube de Avanca e Filmógrafo, a longa-metragem, cujo guião foi escrito há cinco anos, conta com Eric da Silva e Susie Filipe nos principais papéis, num elenco que conta ainda com Rui Oliveira e Paulo Calatré, e que resulta, em grande parte, de um ‘casting’ realizado no Porto em fevereiro de 2016, ao qual compareceram “quase 200 atores”.
Entre as “curiosidades” da obra está “uma pequena participação” de Beatriz Pacheco Pereira, diretora do Fantasporto.
Embora não revele os valores do orçamento, que cifrou em “2% do de um filme português padrão”, o criador de “Uma Vida Sublime”, um “filme independente”, revelou que várias entidades apoiaram a produção, como as câmaras de Castelo Branco e de Paços de Ferreira, entre outras instituições e empresas privadas.
A estreia é no “festival de eleição”, uma vez que já foi júri e teve outras obras em estreia no Fantasporto, sendo que será depois exibido no FESTIN - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, em Lisboa, a 4 de março, antes de pelo menos “três festivais estrangeiros já confirmados, dois nos Estados Unidos e outro na Alemanha”.
Quanto à estreia em salas, esta está apontada para “setembro ou princípio de outubro”, depois de passar pelo circuito de festivais.
Sobre os próximos trabalhos, Luís Diogo tem em mente “uma curta-metragem ainda este ano”, que pode ou não avançar, e um “outro projeto de longa-metragem, bem mais complicado, que depende muito do que este conseguir” em termos de projeção e resultados económicos.
À margem da antestreia mundial da obra está uma exposição fotográfica, da autoria do diretor de fotografia, Pedro Farate, que será exibida no piso 0 do Rivoli até ao final do festival.
As fotografias mostram momentos de bastidores da rodagem, entre o trabalho de montagem e os momentos de descanso entre as filmagens, que tiveram lugar no Porto, Paços de Ferreira, Castelo Branco, Santo Tirso e Avanca.
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