“É possível que a rede vá de c*na”, disse Bruno Nogueira nos primeiros minutos do último dos diretos que fez no Instagram durante esta pandemia. Não foi, ainda que ao longo das últimas semanas em que milhares de pessoas acompanharam as suas conversas ao final da noite com várias personalidades da sociedade portuguesa possam ter acontecido percalços. Mas isso nunca importou. O “bicho” não é hollywoodesco na produção, nem quis ser. Nem nós queríamos que fosse.

Depois dos acordes do rapper Dillaz, um Nuno Markl de máscara foi o condutor de Bruno Nogueira naquela que prometia ser uma noite “móvel”, ou seja, os amigos Bruno e Nuno circulariam de carro à procura das luzes de Natal que o anfitrião pediu que os seus espetadores colocassem nas suas casas e janelas, festejando a quadra antecipadamente.

Jessica Athayde e Mariana Cabral foram as primeiras a tomar parte neste último direto, intercaladas por um tal de... Cristiano Ronaldo. O CR7 ficou pouco tempo porque estava “na hora do Vitinho” e “amanhã há treino”. Mas isso não impediu duas coisas: 1) que o número de pessoas a assistir chegasse às 150 mil; 2) que a estupefação na cara de Bruno Nogueira tenha sido apenas um espelho do que muitos de nós sentiram ao ver o capitão da Seleção Nacional, o melhor jogador do mundo, a tomar parte numa conversa onde as palavras “cona” e “picha” (é com “ch” ou “x”?) são mais repetidas do que qualquer outra.

“Estás a dar uma ideia ao Pai Natal: dizes bom Natal e depois mandas as pessoas para dentro”, diz a certa altura Salvador Martinha, outro dos habitués do “bicho”, antes de Albano Jerónimo mostrar o rabo em direto e nas ruas de Lisboa, enquanto gritava algo que não foi percetível – se entretanto vos perder na conversa, por favor digam – e um Bruno Nogueira que continuava estupefacto – “desculpem não estar a falar tanto, estou a fazer o meu melhor” – com tudo aquilo que acontecia durante uma emissão em que Inês Aires Pereira apareceu vestida de Mãe Natal, pessoas saudavam o anfitrião e o seu “condutor” em janelas enfeitadas para a quadra e carros buzinavam – e “escoltavam” – o “bicho” enquanto passava.

“Vou só pedir a quem for aí mais à frente para andar um bocadinho mais rápido”, diz a dado momento Bruno Nogueira, antes de falar com Ljubomir Stanisic e João Manzarra, que apareceram juntos e seminus para participar na festa. Momentos depois, num semáforo, alguém numa mota pergunta para dentro do carro: “tu há 15 anos não perdeste os teus documentos todos? Fui eu que os encontrei e fui entregar à polícia”, tudo isto no meio de uma autêntica “procissão” de carros e de buzinadelas, a fazer lembrar os festejos dos títulos das equipas de futebol que também costumam ser celebrados por esta altura. Ah, e com 160 mil pessoas a ver do outro lado.

Minutos depois, no Porto, Beatriz Gosta entra na emissão ao som de “All I Want For Christmas Is You” de Mariah Carey – não era Natal se assim não fosse – e com direito a uma performance de três drag queens vestidas a rigor. Depois veio Nuno Lopes, que chorou e fez chorar o anfitrião e, provavelmente, muitos dos que assistiam em casa.

“Ter um amigo desse lado que todas as noites falava um bocadinho comigo, animou a minha quarentena (...) num momento difícil. E obrigado Markl, também a ti, por nos teres dado a todos isto”, disse o ator que participa na série White Lines, estreada na Netflix nesta 6.ª feira.

“Estou a repetir esta merda a várias pessoas mas eu gosto muito de ti”, devolveu Bruno Nogueira.

Em seguida apareceu João Quadros, seu companheiro de escrita no Tubo de Ensaio na TSF – que “já não via uma coisa assim desde a transladação da Irmã Lúcia” e fez questão de “decorar” o seu órgão sexual para a ocasião – e depois foi a vez de Cal Lockwood, o radialista do Pólo Norte que Markl e Nogueira popularizaram no nosso país ao ponto de fazer “rebentar” os servidores onde a rádio de Cal estava alocada. “Ainda não posso acreditar que isto aconteceu”, diz a certa altura Lockwood, que apareceu de óculos escuros e com a bandeira de Portugal e luzes natalícias em pano de fundo.

“Este é um dos melhores dias da minha vida, num top-3 onde se encontra o nascimento do meu filho”, confessou Nuno Markl a determinado momento, minutos antes de um altifalante de uma ambulância do INEM expelir as palavras “és o maior, Bruno” e de Vhils (que no dia 25 de abril foi protagonista de um dos momentos mais emblemáticos do “bicho”) também tomar parte na festa.

Seguiu-se Bruno Fernandes, futebolista do Manchester United, e a a chegada ao Coliseu de Lisboa, quando faltavam 20 minutos para a meia-noite, onde Salvador Sobral esperava numa casa de banho para uma performance surpresa e Nélson Évora fazia um aquecimento no corredor para 170 mil pessoas verem.

Pouco depois, ouviu-se “Silent Night” ao piano de Filipe Melo no meio do palco de um Coliseu vazio, praticamente um ano depois de Bruno, Nuno e Filipe terem esgotado o mesmo espaço com a sua “Nêspera no Cu”.

E por fim... a surpresa: muitos dos participantes no direto desta noite apareceram no palco para um final apoteótico com direito a discurso – “queria agradecer-vos” e “havemos de nos voltar a ver”, disse o anfitrião – e a uma performance musical.

Para onde vou? Não sei

O que farei? Sei lá

Só sei que me encontrei

E que sou eu enfim

E sei que ninguém mais rirá de mim

Com Filipe Melo ao piano, foram os versos de “Vendaval”, de Tony de Matos, que Bruno Nogueira cantou antes de se despedir com um “até já”.

“Epá, malta, eu assim não consigo chegar ao fim”, diz a certa altura um visivelmente emocionado Bruno Nogueira. Mas o fim chegou mesmo. Ou, pelo menos, o último direto desta temporada. Volta, Bruno. Volta, Bicho. Já estamos com saudades.

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