“Houve uma entrevista famosa que Venus estava a dar em que Richard perde a cabeça com o repórter”, contou Will Smith, numa conferência de imprensa de lançamento do filme. “Eu vi essa entrevista na altura e a imagem do olhar da Venus ficou gravada no meu coração. Era assim que eu queria que a minha filha olhasse quando me visse”, continuou.
A entrevista em causa foi dada em 1995 à ABC News, pouco depois de Venus se ter tornado profissional aos 14 anos. “Essa entrevista mudou a minha forma de parentalidade”, afirmou Will Smith. “Ela tinha um leão, e esse leão não ia deixar que lhe acontecesse nada”.
Smith disse que ficou impressionado com Richard Williams desde então e quando surgiu a oportunidade de o interpretar neste filme essa entrevista foi a primeira coisa de que se lembrou. “Eu sabia que queria mostrar ao mundo um pai a proteger a filha daquela maneira”.
Criado por Tim White e Trevor White e escrito por Zach Baylin, “King Richard” segue a família Williams nas suas origens humildes em Compton, uma parte pobre e violenta de Los Angeles, onde o autodidata Richard Williams ensinou Venus e Serena a jogar ténis.
Richard planeou a carreira das filhas como tenistas antes de elas nascerem e incutiu-lhes a certeza de que seriam as melhores do mundo.
“Um das coisas interessantes que a Venus disse é que foi quase uma lavagem cerebral. O castigo era não poderem jogar ténis”, disse Will Smith. “Não era aquilo que costumamos ver quando os pais forçam os filhos. Foi aumentar e alimentar um fogo que lhes vinha de dentro”.
Essa foi uma ideia transformadora para Will Smith, que na altura já era pai de Trey Smith e tinha sido criado com rigidez militar. “É alinhar com os nossos filhos em vez de lhes ditar a direção. Foi um conceito e uma abordagem diferentes que se tornaram mágicos na família Williams”.
Smith teve de aumentar de peso para interpretar Richard Williams, mas acabou por não usar próteses faciais, como chegou a ser pensado no início das gravações.
Com as jovens atrizes Saniyya Sidney (Venus) e Demi Singleton (Serena) no elenco, a mãe das tenistas Oracene Price é interpretada por Aunjanue Ellis, uma figura também central na ascensão das atletas.
“Eles insistiram que eu não ficasse na sombra”, disse Ellis, na conferência de imprensa, referindo o costume de contar estas histórias centrando na heróica figura masculina. “Não a mostrar como co-conspiradora neste sonho teria sido desonesto”, frisou.
As outras estrelas do filme são Tony Goldwyn, que encarna o treinador Paul Cohen, e Jon Bernthal, que dá vida a Rick Macci. Ambos foram treinadores decisivos para levar as jovens Williams à glória do ténis mundial.
“O Rick adorava o jogo e tornava-o divertido”, disse Bernthal sobre Macci. “Ele era estranho e peculiar, mas dava para nos pormos do lado dele”.
Com um ritmo lento e específico na tecnicidade do ténis, “King Richard” é um filme que pode ser visto por pessoas “que nunca viram uma partida de ténis na vida”, disse o realizador Reinaldo Marcus Green.
Um dos detalhes em que o cineasta insistiu foi a postura aberta das atletas, algo que Richard Williams lhes ensinou mesmo contra a visão dos treinadores profissionais. “Foi o que Venus e Serena usaram para revolucionar o ténis”, disse Marcus Green.
O realizador também revelou que as tenistas e a meia-irmã Isha Price eram presença regular nas gravações e iam dando indicações para tornar as cenas mais autênticas.
“Toda a gente queria contar esta história da maneira certa”, disse Isha Price, revelando que a família demorou algum tempo a abraçar a ideia do filme e que o respeito por Will Smith foi parte da jornada.
“Tínhamos de confiar que este grupo de pessoas ia fazer isto bem”, disse. “De forma justa e honesta, mostrando a integridade que sempre tentámos ter como família”.
Produzido pela Westbrook Studios, Star Thrower Entertainment e Keepin’ it Reel e distribuído pela Warner Bros. Pictures, “King Richard” vai para as salas de cinema a 19 de novembro.
Filme é “surreal” e “emotivo”
O filme é “surreal” e “emotivo”, disseram as tenistas numa conferência de imprensa de lançamento da longa-metragem.
“Nenhuma palavra descreve isto melhor que surreal”, afirmou Serena Williams. “Ver estas atrizes fantásticas e toda a equipa por detrás a contar não só a jornada do nosso pai, mas também a minha e da minha irmã”, continuou. “Perguntamos, somos mesmo algo incrível?”
“Ver o Will [Smith] a interpretar este papel e a forma como ele encarnou o Richard levou o filme para outro nível”, considerou Serena Williams. “É muito emotivo, muito bem feito, uma obra brilhante”.
Venus Williams, que foi a primeira das duas irmãs a consagrar-se campeã em Wimbledon e em que grande parte da película se foca, disse que ver o filme a deixou de lágrimas nos olhos.
“É super emotivo”, descreveu. “Eles realmente compreenderam a nossa família e retrataram-nos de uma forma que foi mesmo fiel, e sinto-me honrada por isso”, afirmou. “Estas pessoas trabalharam muito e quiseram mesmo contar uma história que era autêntica, e não apenas um guião”.
“Foi incrível ver a atmosfera familiar no estúdio, e como a Demi e a Saniyya agiam como a Serena e eu quando as câmaras nem estavam a filmar”, disse Venus. “Foi tão doce. Estou muito orgulhosa de tudo o que foi feito. É muito surreal, para ser honesta”.
Saniyya Sidney, que também participou na conferência de imprensa, disse que ficou “muito nervosa” quando conheceu Venus Williams pela primeira vez, mas que a atleta a deixou à vontade.
“Tivemos excelentes conversas sobre elas como pessoas”, contou Saniyya, que ficou entusiasmada por aprender a jogar ténis. “Pôr-me no lugar da Venus ensinou-me muito”, afirmou, dizendo que “era importante que as pessoas soubessem do enorme coração que ela tem”.
Para Demi Singleton, que interpretou Serena, foi a primeira experiência numa produção desta magnitude.
“Para que se sentisse que era o mais real possível, fizemos muita pesquisa”, disse a jovem atriz. “Era muito importante que tudo o que íamos fazer fosse real, porque esta não era a nossa história. Era a delas”.
Nas conversas entre as atrizes e as tenistas, “falaram-nos de tudo menos de ténis”, contou. “Falaram das suas vidas, da infância, dos namorados que tiveram. Falámos com elas como pessoas”, realçou.
A precisão da dramatização dos factos verídicos em que o filme se baseia é notada no final da película, em que a audiência vê vídeos caseiros e entrevistas filmadas nos anos noventa, quando as tenistas eram adolescentes.
“Fomos inspirados pela busca implacável deste sonho pela família”, descreveu o produtor Tim White, que concebeu a ideia de levar a história ao grande ecrã com Trevor White.
“No início pensámos que esta podia ser a melhor história de um treinador de sempre”, disse Trevor White. “Com o tempo, percebemos que ia muito além de uma história de treino, era sobre uma família. Foi muito inspirador para nós”.
Inspiração é precisamente uma das coisas que Venus e Serena Williams esperam que a audiência leve depois de ver o filme.
“Tudo é possível, acredita sempre em ti”, disse Venus. “Duvidar não faz nada por ti. Trabalha””, continuou, frisando que este “é um filme familiar” e que a família “pode levar-te mais alto”.
Serena também deixou uma mensagem de incentivo: “Tens de acreditar em ti. Pôr no céu a fasquia dos sonhos não é sonhar demasiado alto”, afirmou. “Não tenham medo de estabelecer objetivos ambiciosos”.
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