Por volta das 12:30 (em Lisboa), a fila era muito grande na parte exterior da embaixada francesa e alguns dos eleitores disseram à Lusa que já estavam ali há cerca de uma hora, demonstrando alguma insatisfação.
Polícias estavam à porta e seguranças dentro da embaixada. As pessoas tinham de apresentar a sua documentação e eram revistas logo à entrada da embaixada, depois eram encaminhadas para as respetivas mesas de voto, permanecendo nas filas ainda algum tempo.
A mesma situação ocorreu na embaixada francesa na primeira volta das eleições, que decorreu em 23 de abril.
França vota hoje na segunda volta das presidenciais, com o centrista Emmanuel Macron como favorito para derrotar a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, e, aos 39 anos, tornar-se o mais jovem Presidente francês.
“Eu vou votar no Emmanuel Macron”, disse à Lusa João Almeida, um francês lusodescendente que mora em Lisboa desde 2000 e estava na longa fila à espera da sua vez para entrar na embaixada francesa.
O voto de João Almeida vai para o candidato centrista independente “porque Marine Le Pen representa uma ameaça para a democracia em França”.
“Acho que já é uma derrota ela ter chegado à segunda volta numa democracia tão antiga quanto a da França. Representa tudo aquilo que a França não é”, referiu.
“Penso que o partido (Frente Nacional, de Marine Le Pen) cresce em resposta a um descontentamento e, se o descontentamento continuar, é provável que haja uma resistência da população ao Governo em vigor”, acrescentou o lusodescendente.
Christelle Jacquin, uma francesa que mora em Portugal, em Almada, há 17 anos, disse que esta é a terceira vez que vota em Portugal, mas a primeira que encontrou “muitas dificuldades" em escolher um candidato.
“É complicado por não viver em França. Por viver em Portugal, têm-se uma visão externa, não se tem, talvez, a perceção completa do dia-a-dia dos franceses”, afirmou Christelle, sublinhando que muitos franceses em Portugal também não sabiam em quem votar.
Christelle Jacquin disse entender o porquê de a extrema-direita ter subido em França, mas pensa que é "muito triste”, lembrando a questão dos imigrantes, que poderão sofrer com um eventual governo de extrema-direita.
“Vejo que é muito mau (o crescimento da extrema-direita), mas não é só em França, o crescimento das ‘extremas’ no mundo. Para mim, é muito mau se essa ‘fulana’ (Marine Le Pen) ganhasse as eleições. Era mais uma a acrescentar na lista, juntamente com outros, como Trump (Donald Trump, Presidente dos Estados Unidos) e companhia limitada”, disse Maria Cristina Cardoso, uma francesa lusodescendente que mora em Portugal, na Nazaré, há 26 anos.
A lusodescendente afirmou que uma eventual vitória de Marine Le Pen afetaria a comunidade portuguesa, mas não tanto como as outras comunidades estrangeiras em França, “pois os portugueses são bem vistos onde estejam pelo mundo”.
“Não queremos votar na extrema-direita, é verdade”, disse o francês Albert Morard, há 25 anos em Portugal, em São Martinho do Porto.
“Penso que Macron é bom, é jovem, parece ser (um político) do século XXI e o resto parece do século XIX e XX”, sublinhou, acrescentando que considera "mau" o crescimento da extrema-direita.
“Mas são quase 40%, a gente não pode dizer nada”, sublinhou, referindo-se à percentagem que as sondagens dão à Marine Le Pen nesta segunda volta.
Na primeira volta das eleições presidenciais francesas, no dia 23 de abril, apenas 4.307 (32,9%) dos 13.099 franceses inscritos em Portugal votaram, sendo 3.336 (37,3%) em Lisboa e 971 (23,3%) no Porto.
Entre as 08:00 e as 19:00 locais (07:00 e 18:00 em Lisboa), 47,5 milhões de eleitores são chamados a votar em 66.546 assembleias de voto em todo o território francês. Em algumas grandes cidades, as urnas ficam abertas até às 20:00 (19:00 em Lisboa).
O Presidente francês eleito tomará posse até 14 de maio, data em que termina o mandato de François Hollande.
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