O aumento de casos na cidade de Lisboa, que na última sexta-feira, na avaliação semanal dedicada aos concelhos, registava uma incidência de 118 casos por 100 mil habitantes a 14 dias, pouco abaixo do limite de 120, critério que coloca um município em alerta, está a preocupar as autoridades de saúde que preparam um plano de ação para contrariar a tendência de crescimento, através de uma testagem em massa focada nos estabelecimentos de ensino, nas empresas de maior dimensão e nas freguesias mais pequenas onde os números de novos casos têm elevada taxa de incidência.

Segundo relata o Público, a situação na capital portuguesa tem sido alvo de várias análises e reuniões, uma das quais decorreu este domingo e juntou a ministra da Saúde, o secretário de Estado e Adjunto da Saúde, elementos do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, da Direção-Geral da Saúde, da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e da Câmara Municipal de Lisboa. O objetivo é que o reforço da testagem arranque já na próxima semana.

Ao mesmo jornal, o Ministério da Saúde explicou que “esta testagem tem três parâmetros (dirigida, programada e oportunística) e segue as diretrizes da DGS e da task force da testagem”, referindo que, por exemplo, no ensino “haverá uma intensificação da testagem em estabelecimentos de ensino secundário e superior”.

Neste plano um dos focos serão as empresas com mais de 250 trabalhadores, fora aquelas em que, independentemente do número de funcionários, possam registar um surto de covid-19. Outro são, segundo a SIC Notícias, as residências universitárias, onde segundo o canal têm sido registados pequenos surtos e tem sido notada alguma dificuldade das autoridades em fazer testes e aplicar medidas de isolamento.

Também segundo a estação televisiva, o programa de testagem vai incidir sobretudo sobre as faixas etárias entre os 18 e os 40 anos, aquelas em que a incidência de infetados mais cresceu, e o reforço de testes será posteriormente aplicado aos concelhos vizinhos da capital: Amadora, Loures, Sintra, Cascais, Oeiras, Vila Franca de Xira e Almada.

Lisboa tem estado debaixo de olho dos especialistas - e da opinião público - depois dos festejos da conquista do campeonato por parte dos adeptos do Sporting CP, clube que quebrou um jejum de 19 anos de conquista do principal título do futebol português, que decorreram sem que fossem cumpridas as medidas de etiqueta respiratória e prevenção que os tempos impõe: uso de máscara e distanciamento social.

No entanto, em resposta a perguntas da agência Lusa, a Direção-Geral de Saúde diz que até ao momento “foram reportados perto de duas dezenas de casos associados aos festejos do campeonato de futebol”, embora acrescente que as celebrações “não explicam a totalidade do fenómeno” e que a incidência cumulativa a 14 dias por 100.000 habitantes no concelho de Lisboa “tem tido uma tendência crescente desde o início do mês de maio, seguindo o padrão nacional em termos de distribuição etária”.