André Ventura, Chega

O presidente do Chega considerou hoje que a proposta do Governo de redução do prazo da comissão de inquérito ao caso da empresa do primeiro-ministro foi uma forma de o branquear e de mostrar que "tem alguma coisa a esconder".

“Eu já disse isto uma vez, assumo as palavras e levá-las-ei até ao fim. José Sócrates não era pior. O que aconteceu hoje no parlamento foi uma manobra que José Sócrates acharia graça, acharia bem e que certamente faria, mas teve uma vantagem. A vantagem é que ficou aos olhos do país todo que Montenegro tem alguma coisa a esconder”, disse André Ventura aos jornalistas no parlamento após a votação da moção de confiança.

André Ventura considerou que se fosse qualquer outro partido a fazer a mesma proposta feita pelo executivo “caía o Carmo e a Trindade” e garantiu que se o PS, na próxima legislatura, não avançar com a comissão de inquérito, será o Chega a fazê-lo.

Questionado sobre se esta será a primeira iniciativa do Chega na próxima legislatura, André Ventura não quis responder, afirmando que é preciso esperar pela nova configuração parlamentar.

Inquirido sobre se tem preferência entre 11 e 18 de maio - datas já equacionadas pelo Presidente da República - para as próximas legislativas, o líder do Chega disse que ainda está a refletir sobre o assunto, enumerando os pontos positivos e negativos dos cenários em cima da mesa.

“Eu acho que com o prazo tão curto que temos, quanto mais prazo houver para todos nos organizarmos, penso que isso é positivo. Por outro lado, também podemos dizer que quanto mais rápido, para sairmos da crise, melhor”, disse.

André Ventura afirmou ainda não ter tomado uma decisão sobre a sua candidatura presidencial, agora que o país espera umas novas eleições legislativas.

Iniciativa Liberal

A Iniciativa Liberal rejeita integrar qualquer coligação pré-eleitoral e vai apresentar-se sozinha às eleições legislativas, anunciou hoje o partido, criticando “o comportamento de todos os agentes políticos que criaram” a atual crise política.

“A IL não irá integrar nenhuma coligação pré-eleitoral às eleições legislativas”, lê-se num comunicado divulgado pelo partido.
Nesse comunicado, a IL afirma que, “como sempre”, irá apresentar-se a eleições legislativas “com os seus candidatos, as suas propostas e as suas bandeiras, essenciais para que Portugal possa crescer e mudar para maior prosperidade”.

“A IL condena veementemente o comportamento de todos os agentes políticos que criaram esta crise política e lutará para reformar a irresponsável cultura político-partidária em Portugal, que coloca os interesses dos partidos e dos seus líderes à frente dos interesses dos portugueses”, refere-se no texto.

Para a IL, “o país está refém de líderes partidários taticistas, incapazes de construir soluções”.

“O voto na IL é a única garantia de uma solução confiável e competente de governabilidade para um país que ambicione mais”, defende o partido.

Inês Sousa Real, PAN

"É lamentável que o primeiro-ministro tenha arrastado o país para esta crise política. Os portugueses estão saturados de eleições”, lembrando que novas eleições terão um custo de mais 25 milhões de euros.

“Lamentamos também que os maiores partidos não tenham sido capazes de dialogar”, explicando que os portugueses não podem perder a esperança, porque há alternativas nas eleições, referindo que o PAN é "uma opção responsável".

Mariana Mortágua, Bloco de Esquerda (BE)

O" primeiro-ministro não pode receber avenças através de uma empresa que é sua, quer formalmente quer substancialmente", porque está na sua “esfera pessoal”, afirmou a líder bloquista.

“Não esteve em exclusividade, violou esse dever legal. Não pode esconder informações sobre a empresa”. Assim, Mortágua considerou que Montenegro “não pode continuar a ser primeiro-ministro. Tenta as eleições como uma saída política de sobrevivência. Por responsabilidade do primeiro-ministro iremos a eleições”, afirmou.

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, defendeu que Luís Montenegro “não esteve em exclusividade” ao “receber avenças” e, por isso, “não pode continuar a ser primeiro-ministro”, salientando que o próprio sabe disso e “tenta as eleições como uma saída política”.

Paulo Raimundo, Partido Comunista Português (PCP)

O líder do PCP lamentou que mais uma vez "um debate com esta importância" ia passar ao lado dos temas que importam para a vida das pessoas, acusando de existir um "autêntico jogo do empurra" que tentou "passar culpas".

Uma semana depois da moção de censura do PCP ter sido chumbada, o secretário-geral comunista defendeu que teríamos "ganho muito" da sua aprovação. Tinha contribuído para "credibilizar a vida política nacional", defendeu.

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, considerou que o que se verificou hoje no plenário foi “um jogo do empurra”, defendendo que o que o país precisa não são “de jogos de sombra, nem de truques e manobras”, mas antes de respostas para os problemas da população.

Rui Tavares, Livre

O líder do Livre, Rui Tavares, foi assertivo na sua reação, pedindo a Montenegro para "não fazer das pessoas tontas. As pessoas são inteligentes e sabem o que se passou hoje" na Assembleia da República.

Por sua vez, o porta-voz do Livre Rui Tavares sustentou que a tese de que o Governo fez tudo para evitar eleições é “uma lenga lenga bem montada”, mas ninguém acredita, acusando Luís Montenegro de ser o único responsável pela atual crise política, considerando que não fez o que era preciso para impedir que se chegasse à atual situação.

Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP)

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) manifestou hoje “uma preocupação redobrada” pelos efeitos da crise política após a queda do Governo de Luís Montenegro, e apela à adoção de procedimentos céleres para a economia.

“A CCP não pode deixar de lamentar que, decorrido pouco mais de um ano, o país se veja novamente confrontado com a realização de eleições legislativas, cujo resultado poderá conduzir a um novo ciclo de instabilidade política”, defendeu a entidade em comunicado, após o chumbo da moção de confiança ao Governo votada hoje no parlamento.

“Como temos vindo a referir, as empresas precisam de estabilidade e previsibilidade para a prossecução da sua atividade, principalmente num contexto internacional marcado pela incerteza”, alertou.

Nesse sentido, a CCP espera que os próximos meses sirvam para os partidos políticos ajustarem os seus programas aos desafios, nacionais e internacionais, com que o país está confrontado, e “que se encontrem as respostas necessárias para que, rapidamente, haja uma solução política que conduza o país ao crescimento económico e social que garanta a convergência com os restantes países da União Europeia”, lê-se no mesmo documento.

“Recentemente, transmitimos a nossa preocupação com o atraso no cumprimento das expectativas das empresas, quer do ponto vista fiscal, quer económico. Agora, essa preocupação é redobrada, face aos previsíveis agravamentos decorrentes de mais esta mudança a curto prazo no elenco governativo”, sustentou.

Pelas razões apontadas, a CCP apela a que todos os partidos políticos se comprometam, em caso de vitória eleitoral, com a adoção de procedimentos céleres que agilizem a tomada de decisões fundamentais para o país.

A CCP espera, ainda, que a ocorrência de dois outros processos eleitorais – autárquicas e presidenciais – não impeça o futuro Governo de se concentrar na resolução dos problemas do país.

José Lourenço, Comité Paralímpico de Portugal (CPP)

“Não estou demasiado apreensivo. O OE está aprovado e promulgado. Podem é vir a existir alguns atrasos nas negocições de contratos-programa”, disse José Lourenço, em declarações à agência Lusa, lembrando que o documento prevê uma verba de 54 milhões de euros para o setor do desporto.

O líder do CPP, que concorre a novo mandato nas eleições agendadas para 18 de março, admite que a queda do Governo deixará “pendentes” algumas questões, nomeadamente “o contrato-programa para as atividades regulares e os contratos-programa para os Jogos Surdolímpicos Tóquio2025, Jogos Europeus da Juventude Istambul2025 e Jogos Paralímpicos de Inverno Milão/Cortina2026”.

Em relação ao contrato-programa para os Jogos Paralímpicos Los Angeles2028, José Lourenço lembrou que o mesmo deveria começar a ser trabalhado no próximo mês, para entrar em vigor em janeiro de 2026, mas garantiu: “Não estou demasiado apreensivo”.

Além dos 54 ME inscritos no OE, o Governo anunciou depois um investimento de 65 milhões de euros adicionais no desporto no período 2024-2028, definido pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, como um “programa inédito” para o setor e como “um recorde olímpico” de investimento.

Apesar de o contrato-programa para Desporto 2024-2028, que integra cinco medidas e 14 programas, alinhadas com os quatro objetivos do Governo para o setor, ter sido assinado em dezembro passado, José Lourenço afirmou “ainda não ter recebido qualquer verba”.

“A indicação que tenho é que foram levantadas questões pelo Tribunal de Contas”, explicou o presidente do CPP.

Artur Lopes, Presidente COP

O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) disse hoje à Lusa que a incerteza provocada pela queda do Governo, após o chumbo de moção de confiança, “vai enfraquecer o desporto”.

“É evidente que, no geral, tudo isso tem de ser adiado, mas há contratos-programa que têm de ser assinados. De preparação olímpica, das atividades regulares. O COP vive com dinheiros públicos e aqueles patrocínios privados que alguns apontam não são verdade. Sabemos que não há grandes patrocínios para o desporto. Tudo isto vai enfraquecer o desporto”, declarou Artur Lopes.

Questionado pela Lusa sobre o que os próximos meses, com Governo demissionário, podem trazer, o presidente do COP, até às eleições neste organismo em 19 de março, lamenta que problemas no setor que estão “por resolver” vejam as soluções “adiadas, a atropelar-se”.

“Sabemos que temos de ter muito cuidado com as situações que advêm de um governo em duodécimos. Porque há decisões que são urgentes, e mais um atraso...”, criticou.

Segundo Artur Lopes, “há verba que deveria estar disponível no COP” para trabalhar uma série de eixos trabalhados com o Governo, sem que o dirigente tenha referido especificamente o pacote de financiamento atribuído ao setor, de cerca de 50 milhões de euros quanto ao movimento olímpico.

“Um exemplo muito simples, que já devia ter resolvido, é o Centro de Alto Rendimento de Anadia, onde nasceram os campeões da pista [Iúri Leitão e Rui Oliveira, em madison, em Paris2024]. Chove lá dentro. Chove em cima da pista. Urge resolver esse problema. Agora, vai adiar-se mais”, aponta.

Segundo o representante máximo do organismo de cúpula do movimento olímpico nacional, uma série de obras e outras medidas para o desporto ficam assim adiadas, numa “bola de neve” criada por problemas políticos que acabam por “criar engulhos em toda a sociedade, nomeadamente neste setor”.

Quanto às eleições futuras para a próxima composição da Assembleia da República, o que gostaria era “que decorressem de forma tranquila e o desporto ganhasse”.

“Mas estou a ver que não”, afirmou.