“O processo sobre os ‘bens mal adquiridos’, que iniciei há alguns anos e se tornou numa grande saga judicial, vai continuar e haverá outros clãs familiares em África que vão prestar contas”, disse William Bourdon, advogado da organização Transparency International.
William Bourdon, que falava à agência Lusa, em Lisboa, à margem de uma conferência de imprensa sobre “Rui Pinto – o denunciante dos FootballLeaks e dos LuandaLeaks”, classificou como histórica a decisão, no início desta semana, do tribunal de recurso de Paris de agravar a pena aplicada ao vice-presidente da Guiné Equatorial e filho do Presidente Obiang por desvio de dinheiros públicos.
O tribunal de recurso de Paris confirmou a sentença do filho do Presidente da Guiné Equatorial que foi condenado em 2017 por branqueamento de dinheiro obtido com práticas corruptas no seu país, mantendo os três anos de prisão suspensa, o arresto de bens adquiridos em França no valor de 150 milhões de euros e tornou efetivo o pagamento de uma multa de 30 milhões de euros ao Estado francês.
“A condenação de Obiang no tribunal de recurso é historicamente uma decisão importante, mas é uma etapa porque, evidentemente, como todos os grandes criminosos financeiros vai ser incansável na multiplicação de recursos e a manter-se numa posição grotesca e ridícula de vitimização”, considerou.
O advogado de ‘Teodorín’ Obiang, Emmanuel Marsigny anunciou já que vai recorrer da condenação pronunciada na segunda-feira pelo Tribunal de Recurso de Paris, estando marcado para segunda-feira o início das audições no Tribunal Internacional de Justiça, em Haia, junto do qual o governante equato-guineense quer ver reconhecida a sua imunidade diplomática, evitando assim o cumprimento da pena imposta pela justiça francesa.
Teodoro Nguema Obiang Mangue, 50 anos, conhecido como ‘Teodorín’, foi considerado culpado de ter adquirido indevidamente património considerável em França com dinheiro desviado dos cofres da Guiné Equatorial, país presidido pelo seu pai.
Os juízes estimam um branqueamento de capitais na ordem dos 160 milhões de euros, segundo o Tribunal de Recurso.
William Bourdon, que é também advogado do ‘hacker’ português Rui Pinto, está em Lisboa, onde hoje participou numa conferência de imprensa que juntou figuras ligadas ao denunciante, alegadamente na origem dos casos “FootballLeaks” e “LuandaLeaks”, e que defendem a sua libertação.
Além de William Bourdon, participaram também na conferência de imprensa o advogado português de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, o diretor do ICIJ – Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, Gerard Ryle, e o diretor da PPLAAF – Plataforma de Proteção dos Denunciantes em África, Henri Thulliez.
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