Num e-mail que enviou na quinta-feira aos operadores, a que a Lusa teve hoje acesso, Pedro Barros Prata informa que pediu a demissão “imediata e irreversível” do cargo de diretor do aeródromo ao presidente da Câmara da Maia, Bragança Fernandes, e ao presidente da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC).
“Nessa decisão me acompanha igualmente o senhor José Nelson Veloso de Castro, como diretor substituto”, acrescenta.
Barros Prata justifica a sua tomada de decisão afirmando que “os últimos acontecimentos foram ‘a gota de água no copo cheio’” e culminaram na manhã de quinta-feira quando pretendeu “aceder à área de manobra, com o objetivo de acompanhar uma inspeção da ANAC” e foi “literalmente impedido de o fazer por pessoal afeto à organização da Red Bull Air Race”.
O ex-diretor considera que foi “mais uma vez completamente ignorado e desautorizado”, adiantando não estar nada habituado “a este tipo de tratamentos”.
“O que nunca me conseguirão tirar, seja qual for o preço, é a dignidade, a seriedade e o conhecimento de mais de meio século de aeronáutica”, sublinha Barros Prata.
Agradecendo aos operadores “a colaboração sempre prestada”, Pedro Barros Prata pede ainda “desculpa pelas faltas eventualmente cometidas” e afirma estar ao dispor “para ajudar no que foi possível e estiver” ao seu alcance.
No dia 11 de agosto a Lusa noticiou que a Red Bull Air Race 2017, agendada para este fim de semana, poderia não se realizar dado a ANAC não reconhecer ao aeródromo Municipal da Maia, gerido pela Câmara da Maia, capacidade prestadora de serviços de tráfego aéreo.
Para obter o certificado, explicou então o ex-responsável, o aeródromo de Vilar da Luz teria de possuir "um manual aprovado pela ANAC, investir mais de 200 mil euros em material meteorológico e de comunicação e formar pessoal, o que levaria, entre quatro e seis meses".
Uma semana depois, Pedro Barros Prata assegurou a viabilidade do aeródromo para a Red Bull, adiantando que a solução para ultrapassar a ausência de certificação poderia passar por restringir a infraestrutura aos aviões de acrobacia, “se assim fosse exigido”.
Desde segunda-feira que foi criada uma área de interdição no espaço aéreo do aeródromo, que está assim restrito à operação da Red Bull Air Race.
Desde meados de agosto que o aeródromo de Vilar de Luz acolhe os aviões da Red Bull, tendo sido feita naquela infraestrutura a montagem e armazenamento das aeronaves que participam na prova.
A prova decorrerá sobre o rio Douro, com os aviões a sobrevoar a cerca de 370 quilómetros por hora as margens do Porto e de Vila Nova de Gaia, tendo como limites as pontes Luiz I e Arrábida.
Além do traçado no rio, a iniciativa conta com um aeroporto temporário para o evento no Parque da Cidade.
Esta corrida entre aviões de acrobacia, que têm como missão cumprir um percurso entre obstáculos insufláveis sobre o Douro no menor tempo possível, estreou-se em Portugal no Porto, em 2007.
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