A apresentação decorreu no El Corte Inglés, onde até 09 de março está patente a exposição das fotografias que constituem o Anuário, “único no panorama nacional”, salientou o diretor adjunto de Informação Nuno Simas.
O Anuário é uma parceria entre a Lusa e a Alethêia Editores, tendo, na ocasião, a editora Zita Seabra afirmado que o trabalho jornalístico da Lusa “marca o país”.
Na apresentação, o investigador da Universidade Nova de Lisboa Bernardo Pires de Lima defendeu um “jornalismo livre como pilar da democracia” e realçou a “qualidade do jornalismo português” tantas vezes feito “em precárias condições”.
Pires de Lima defendeu que o jornalismo se deve afastar mais das redes sociais, “do diz que disse [na rede social] Twitter, que só interessa a algumas centenas”.
“O jornalismo português precisa de ultrapassar alguns desafios se quiser continuar a ser um pilar da nossa democracia, que tem alguns sintomas graves, tem algumas personagens, alguns instintos que estão a vir ao de cima”, alertou Pires de Lima.
Conselheiro político do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, muito captado pelas objetivas dos fotojornalistas da Lusa, como faz prova a seleção do Anuário, Pires de Lima realçou a “cobertura territorial da Lusa e a sua pluralidade”, num combate ao “Lisboacentrismo”.
O Anuário, bilingue, em inglês e português, conta com 245 fotografias, exclusivamente de fotojornalistas da agência, escolhidas de entre as mais de 40.000 produzidas anualmente.
A capa é uma fotografia de Miguel A. Lopes sobre a guerra na Ucrânia, que tem um capítulo especial dedicado ao tema.
Escolher a guerra na Ucrânia para a capa foi “incontornável”, disse o presidente do conselho de administração da Lusa, Joaquim Carreira.
Joaquim Carreira realçou, a par da guerra, outro tema “marcante” no Anuário: as alterações climáticas, seja pelos fogos, os mini-sismos registados nos Açores ou as cheias.
Uma das fotos realçadas foi a do fotojornalista Paulo Cunha que captou um homem, em tronco nu, carregando às costas uma ovelha, salvando-a das chamas na aldeia da Boa Vista, no concelho de Leiria, apresentado como o “S. João Batista português”.
Organizado cronologicamente, por meses, o “Anuário Lusa 2022” destaca os acontecimentos ocorridos no ano passado, em Portugal e no mundo, da vitória do PS, em janeiro nas eleições legislativas portuguesas, às mortes do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos, em julho, do futebolista Chalana, em agosto, e da Rainha britânica Isabel II, em setembro, passando pelos acontecimentos sociais, laborais, culturais, desportivos e religiosos.
Na área cultural, tem destaque a despedida dos palcos da cantora e atriz Simone de Oliveira, com uma fotografia de Tiago Petinga, as diferentes atuações no festival Rock in Rio, em junho, com fotografias, entre outros, de José Sena Goulão, e o centenário do Parque Mayer, em Lisboa.
O ano passado foi ainda marcado pela pandemia de covid-19, com primeiros sinais de retoma de uma vida sem restrições, ilustrado por uma fotografia da ex-ministra da Saúde Marta Temido retirando uma máscara sanitária, de autoria de Manuel de Almeida. Uma outra foto, de Tiago Petinga, regista idosos de mais de 80 anos que tomaram a quarta dose da vacina contra a covid-19.
A guerra na Ucrânia tem particular destaque neste Anuário, com outras fotografias e textos relatando as operações militares e as suas consequências, nomeadamente a fuga de cidadãos ucranianos, como se vê, numa fotografia de Miguel A. Lopes da estação ferroviária de Lviv, ponto de chegada e partida de milhares de refugiados.
Um quotidiano de guerra registado pelas objetivas dos fotojornalistas Miguel A. Lopes e Nuno Veiga. Imagens incluídas neste Anuário, acompanhadas de notícias assinadas pelos jornalistas enviados para a Ucrânia, Henrique Botequilha e Pedro Caldeira Rodrigues.
As diferentes efemérides e festas anuais são também registadas neste Anuário e no noticiário da Lusa, da chegada do Novo Ano Chinês, festejado nas ruas de Macau, numa fotografia Carmo Correia, às celebrações, em Timor-Leste, dos 20 anos da sua independência, tendo Bernardo Pires de Lima realçado o trabalho da Lusa naquele país e elogiado, em particular, o trabalho do fotojornalista António Cotrim.
Também incluídas estão as celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas que, em 2022, foi comemorado em Braga, numa fotografia de Hugo Delgado, ou o cortejo da Queima das Fitas, no Porto, numa imagem de Estela Silva que também fotografou o regresso, depois de dois anos de interrupção, das Festas de Nossa Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, ou a procissão das Velas, em Fátima, por ocasião das celebrações do 13 de maio, pela objetiva de Paulo Cunha.
Fotografias das catástrofes, como as inundações em dezembro em Lisboa e os fogos, no verão, nomeadamente o registado na Serra da Estrela, constam também da revista do ano de 2022.
O “Anuário Lusa 2022” foi coordenado editorialmente pela Direção de Informação (Luísa Meireles, Maria de Deus Rodrigues e Nuno Simas), a seleção de fotografias partiu dos fotojornalistas e a final foi da responsabilidade de José Sena Goulão e Paulo Carriço, tendo a cronologia do ano sido efetuada por Maria João Paiva e Nuno Pêgas, da editoria de Agenda. Pêgas, Maria João Paiva e Nuno Simas fizeram a pré-seleção dos acontecimentos do ano.
A agência Lusa iniciou o projeto de passar em revista o ano em imagens em 2004 com a publicação de “Imagens Lusa” que manteve uma periodicidade anual até 2009, quando teve um interregno de nove anos, tendo retomado em 2018 com o Anuário.
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