Desde o mês passado, os agricultores da Polónia têm bloqueado as passagens de fronteira com a Ucrânia para protestar contra o que consideram uma concorrência desleal na chegada de mercadorias do país devastado pela guerra.
Esta semana, estenderam os seus protestos até à fronteira com a Alemanha.
“Estão planeadas hoje mais de 580 manifestações em toda a Polónia, nas quais se espera que participem quase 70.000 pessoas”, segundo um comunicado da polícia.
Os agricultores estão a bloquear nomeadamente as estradas de acesso a Varsóvia e a outras grandes cidades polacas, incluindo Cracóvia, Wroclaw, Poznan e Bydgoszcz.
“Não vamos desistir até que as nossas exigências sejam plenamente satisfeitas”, garantiram os organizadores do protesto num comunicado de imprensa.
A Ucrânia viu o seu setor agrícola e as principais rotas de exportação através do Mar Negro paralisados pela invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022.
Para ajudar Kiev no campo económico, Bruxelas eliminou os direitos aduaneiros sobre as mercadorias ucranianas que transitavam pela UE em 2022.
No entanto, devido a problemas logísticos e fraudes, uma grande parte das exportações ucranianas destinadas a países terceiros permaneceram na Polónia, em detrimento dos bens dos produtores locais.
Durante a noite de terça-feira para hoje, os países da UE e o Parlamento Europeu concordaram em limitar certas importações agrícolas ucranianas isentas de direitos aduaneiros – ovos, aves, açúcar, mas também aveia, milho e mel -, respondendo assim a uma das reivindicações dos protestos do setor agrícola.
As limitações não incluíram, no entanto, o trigo e a cevada.
Os bloqueios fronteiriços e as disputas sobre os cereais têm prejudicado as relações entre Varsóvia e Kiev, apesar de a Polónia ter demonstrado um apoio inabalável ao seu país vizinho desde a invasão russa.
As manifestações dos agricultores polacos fazem parte de um grande movimento de manifestações de agricultores em vários outros países europeus.
A UE apresentou propostas destinadas a reformar certas regras da Política Agrícola Comum (PAC), a fim de apaziguar os agricultores, mas as alterações propostas ainda terão de ser negociadas entre os 27 Estados-membros do bloco comunitário e o Parlamento Europeu.
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