O aparecimento de grandes concentrações de algas na costa algarvia é um fenómeno cada vez mais frequente, motivado, na maioria das vezes, por espécies invasoras, introduzidas, nomeadamente, através de navios que as deslocam nos seus cascos.
“Constituindo, por vezes, uma fonte de apreensão para os utentes das zonas balneares, trata-se de um fenómeno natural que não põe em causa a qualidade da água balnear e é acompanhado pelas autoridades com competência na matéria”, esclareceu a APA, em comunicado, a propósito do fenómeno.
A Universidade do Algarve (UAlg) lançou esta semana uma plataforma digital para recolher dados sobre as algas encontradas nas praias algarvias e perceber quais as espécies invasoras que levam a grandes acumulações nos areais.
Segundo a APA, são “vários os fatores que concorrem para estas ocorrências, entre condições meteorológicas e oceanográficas favoráveis ao desenvolvimento e movimentação das massas de algas” que “se amontoam na zona de rebentação das ondas e são posteriormente espalhadas pelo areal”.
No barlavento (oeste) algarvio, adianta, as algas, castanhas e vermelhas, são típicas dos fundos rochosos “e surgem na sequência de correntes propícias ou após vários dias com rajadas de vento constantes”, o que impele a subida de águas profundas, mais frias e ricas em nutrientes, até à superfície.
Segundo a APA, tem-se verificado desde o início do mês de julho que a temperatura da água em profundidade “é mais fria que a média para esta época do ano”, no Algarve, o que é também um fator propício ao crescimento acelerado das algas.
Já no sotavento (leste) da região, as algas que se acumulam nas praias são maioritariamente as algas verdes, “espécies que tendem a multiplicar-se na Ria Formosa quando as condições ideais de temperatura e luz se combinam com concentrações elevadas de nutrientes”.
De acordo com a APA, estas algas são exportadas pelas barras de maré e acabam por ser depositadas na linha de costa de acordo com o sentido das correntes.
“De forma geral, e especialmente fora da época balnear, as massas de algas são trazidas e levadas de volta ao mar pelo movimento das marés, não fazendo sentido a sua remoção imediata das praias, já que não constituem fator de degradação ambiental e que concentram uma grande quantidade de organismos marinhos”, prossegue a nota.
Já nos casos em que a acumulação de algas foi considerada excessiva e se seguem condições de corrente que facilitam o seu rápido soterramento no areal, criam-se condições para a sua decomposição no local, sublinha.
“Este facto constitui um aporte de nutrientes no local, essencial por exemplo para o crescimento das plantas das dunas embrionárias, mas também um eventual foco de maus cheiros na praia e uma alteração no perfil de solo do areal, ambos indesejáveis em situação de utilização balnear”, reconhece.
As ocorrências recentes nas praias de Vilamoura (Loulé) e de Vale Olival (Silves) correspondem a este tipo de situação, refere a APA, sublinhando que estão “reunidas condições de segurança para a saúde na utilização destas águas para o banho”, após identificação das espécies e tendo em conta tratar-se de um acontecimento habitual nestas praias, bem como os bons resultados das análises efetuadas à qualidade da água.
A APA acrescenta que em algumas zonas balneares - como as de Quarteira, Forte Novo e Vale do Lobo (Loulé), Armação de Pêra (Silves) e Belharucas (Albufeira) -, “podem surgir sedimentos escuros e lodosos logo abaixo do nível das areias, não relacionados com a acumulação de massas de algas”.
Segundo a APA, estes sedimentos “correspondem a níveis geológicos relacionados com a existência histórica de sistemas estuarino-lagunares na zona, não constituindo qualquer risco para a saúde pública”.
Os veraneantes interessados em contribuir para o estudo destas algas podem preencher um pequeno inquérito na página da plataforma Algas na Praia, da Universidade do Algarve, em www.ualg.pt/algas-na-praia.
Comentários