António Costa falava em conferência de imprensa conjunta com o líder do Governo espanhol Pedro Sánchez, em São Bento, após um encontro que se destinou sobretudo à preparação da próxima reunião do Conselho Europeu, nos próximos dias 17 e 18, em Bruxelas.
"Temos adiado por motivos vários essa cimeira luso-espanhola, mas, seguramente, entre o final de setembro e o início de outubro, vamos poder realizá-la na Guarda. Vai ter como tema central um projeto que temos vindo a trabalhar em conjunto nos últimos anos, que é a definição de uma estratégia comum de desenvolvimento transfronteiriço", disse.
António Costa considero depois que esse projeto comum com Espanha "é uma prioridade fundamental para responder à atual crise".
"Em toda a União Europeia, a fronteira Portugal/Espanha é a única que não é fator de maior desenvolvimento, mas, pelo contrário, tem sido local de despovoamento e de empobrecimento. Temos de robustecer estes territórios para podermos sair da crise", justificou.
Costa avisa que recusa cortes na política de coesão e no desenvolvimento rural
O primeiro-ministro manifestou-se contra "linhas vermelhas" nas negociações sobre o fundo de recuperação e Quadro Financeiro Plurianual (2021/2027), mas avisou que recusa cortes na política de coesão ou no segundo pilar da Política Agrícola Comum (PAC).
António Costa falava em conferência conjunta com o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, em São Bento, depois que questionado se, durante o Conselho Europeu, nos próximos dias 17 e 18, aceita uma redução do montante global previsto na proposta da Comissão Europeia de Quadro Financeiro Plurianual, tendo em vista a obtenção de um rápido acordo ainda em julho.
"Claro que podemos sempre discutir se é um bocadinho mais ou um bocadinho menos, mas há algo que é fundamental: Não deve haver cortes na política de coesão, nem no segundo pilar da PAC. Essas são as linhas fundamentais", acentuou o primeiro-ministro português.
Perante os jornalistas, o líder do executivo português defendeu que, "nesta fase, o que é essencial é haver um acordo durante o mês de julho".
"Este não é o momento para estarmos a desenhar linhas vermelhas, mas para abrirmos vias verdes, tendo em vista um acordo entre os 27 Estados-membros. A proposta da Comissão Europeia é particularmente inteligente porque, ao mesmo tempo que responde à necessidade de um programa de recuperação económico suficientemente robusto, procura ultrapassar os pontos de bloqueio que existiram em fevereiro sobre o Quadro Financeiro Plurianual", alegou o primeiro-ministro.
Em relação à proposta da Comissão Europeia de criar um fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros, António Costa criticou quem pretende diminuir o volume global, contrapondo que "é importante garantir que o programa de seja suficientemente robusto para fazer face às necessidades presentes, até porque todas as estimativas do Banco Central Europeu (BCE), da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) dizem que as economias europeias vão sofrer um impacto brutal em consequência da covid-19".
"Portanto, temos de possuir um plano que não seja poucochinho para responder às necessidades. Perante as estimativas que têm sido apresentadas, esta proposta de 750 mil milhões de euros é adequada, somando aos recursos do Eurogrupo e à capacidade de intervenção do BCE", sustentou.
Neste contexto, o primeiro-ministro fez ainda alusão a uma possível segunda vaga da pandemia da covid-19: "Ninguém nos pode garantir que a crise não se venha a agravar ao longo do próximo ano".
"Começar neste momento a reduzir a dimensão da capacidade de reação do programa de recuperação seria estamos à partida a diminuir a nossa capacidade de resposta não só à crise atual, como a qualquer eventualidade de agravamento", alegou.
Comentários