Já depois de Pedro Passos Coelho, líder do PSD e ex-primeiro-ministro ter dito que nada soube do assunto – aconteceu entre 2011 e 2014, quando estava no Governo – e que queria ver tudo esclarecido “até às últimas consequências”, o tema foi pontuando o debate com o primeiro-ministro.
O debate já ia quase no fim quando o primeiro-ministro acusou o anterior Governo PSD/CDS de “poupar” os que “levaram o dinheiro para os ‘offshore’” e ter a “maior tranquilidade” quanto à fuga de capitais, mas ter sido "implacável", por exemplo, na cobrança de multas nas portagens.
De microfone fechado e dedo em riste, Passos gritou para Costa: “São insinuações de baixo nível” e “não tem moral para dizer que está dizer”. Minutos antes, ouvira o chefe do Governo e líder do PS acusá-lo de "lavar as mãos" da responsabilidade política sobre o caso dos ‘offshore’.
O Público noticiou na terça-feira que quase dez mil milhões de euros em transferências realizadas entre 2011 e 2014 para contas sediadas em paraísos fiscais não foram alvo de qualquer tratamento por parte da Autoridade Tributária e Aduaneira, embora tenham sido comunicadas pelos bancos à administração fiscal, como a lei obriga.
No momento em que prometeu que o PSD levaria o assunto “até às últimas consequências”, Passos Coelho atacou o Governo por causa do caso Caixa.
A acusação era direta ao PS e ao executivo: “Faremos hoje na oposição exatamente o contrário do que os senhores, no Governo e na maioria, estão a fazer em relação à Caixa Geral de Depósitos, onde existe uma plena ocultação e uma violação das regras mais básicas da transparência", disse.
PSD e CDS acusam o PS e os partidos que apoiam o Governo de não quererem a divulgação dos SMS entre o ministro das Finanças e o ex-presidente da Caixa António Domingues que poderão provar que Mário Centeno terá aceite que o administrador ficasse dispensado de apresentar as declarações de rendimentos.
À direita, a líder do CDS-PP anunciou que será recebida na sexta-feira pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a quem irá queixar-se da maioria por oprimir direitos da oposição.
À esquerda, o deputado e secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reagiu com humor à polémica: "Já ouvimos aqui que não sabiam de nada. Moral da história, a culpa morre solteira ou então foi a empregada da limpeza que avariou o computador aquando do processo de limpeza...", declarou.
De resto, um tema central a percorrer todo o debate foi a Caixa Geral de Depósitos, mas também a possível venda do Novo Banco.
António Costa garantiu que o Estado não irá perder os 3,9 mil milhões de euros injetados pelo Fundo de Resolução bancária no Novo Banco, garantindo que esse montante, a não integrar a venda, será suportado pelo “sistema financeiro”.
Era a resposta do chefe de Governo à líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, que defendeu que a nacionalização do banco, "mesmo que com uma recapitalização", protegeria os contribuintes de "perder duas vezes dinheiro com o mesmo banco".
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