“A eletrificação está em curso e é irreversível. No entanto, é preciso não decretar para o ‘degredo’ os motores a combustão, com o 'diesel' à cabeça, cujos motores estão, hoje, mais limpos do que nunca e não podem ser ‘condenados’ por quem não tem conhecimentos técnicos”, refere a Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN) num comunicado emitido na sequência de declarações do ministro do Ambiente e da Transição Energética sobre a perda do valor, a prazo, dos carros a 'diesel'.
Para a associação, “tratar o 'diesel' e os combustíveis fósseis em geral da forma como alguns querem transparecer não é um pensamento lógico”, não podendo os motores de combustão “ser tratados, agora, como os únicos responsáveis das emissões resultantes da mobilidade globalizada e cada vez mais acessível”.
Segundo destaca, “as variadas marcas têm vindo a desenvolver e apresentar soluções cada vez mais eficientes, como a utilização de várias tecnologias propulsoras no mesmo veículo, criando assim soluções adequadas a diversas utilizações”, pelo que “dizer que o motor de combustão será o ‘parente pobre’ é, antes de mais, esquecer que há muitos utilizadores que não encontram uma resposta às suas necessidades técnicas/económicas no veículo elétrico (zero emissões)”.
Adicionalmente, refere a ARAN, apesar de o parque automóvel em Portugal estar “envelhecido, com os veículos a terem uma idade média de 12 anos e uma boa fatia com mais de 20 anos”, o “baixo poder económico” dos consumidores impede “que se consiga realizar uma transição para o novo ‘formato de veículos’ de uma forma acentuada e rápida”.
“Não prevemos que haja uma desvalorização e rejeição tão rápida e abrupta como alguns querem fazer crer. É pouco credível que a curto prazo exista uma desvalorização [dos automóveis a 'diesel']”, sustenta.
Relativamente aos veículos eletrificados, a associação admite que “têm pontos positivos do ponto de vista ambiental” e que “a mobilidade elétrica será, e já é, um pensamento lógico”, mas encara-a, “acima de tudo, [como] mais uma alternativa”.
“Quando se fala em converter todo o nosso parque automóvel para veículos elétricos, basta olharmos para a forma como se produz energia para perceber que estamos a ser demasiados otimistas e a criar expectativa num produto que se diz ‘emissão zero’. Zero onde? Na utilização?! Na produção?! No carregamento?! São questões que obviamente a evolução tecnológica imposta pela pressão comercial e social irá arranjar forma de criar respostas cada vez mais no sentido da expressão ‘zero emissões’”, sustenta a ARAN.
Numa entrevista publicada na edição de segunda-feira do Jornal de Negócios, o ministro do Ambiente da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, afirmou ser “muito evidente que quem comprar um carro ‘diesel’ muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”.
Antecipando que, “até 2030, um terço dos automóveis ligeiros que circulam em Portugal serão automóveis elétricos”, Matos Fernandes diz acreditar que “daqui a quatro ou cinco anos um veículo elétrico custará provavelmente menos do que custa um veículo a combustão”.
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