De acordo com a associação ambientalista, a campanha intitula-se "Decibéis a mais, o inferno nos céus", e terá início às 07:00 do próximo dia 5 de julho, sexta-feira, terminando às 07:00 de dia 6 de julho, sábado.
A ação decorrerá na zona do jardim do Campo Grande, junto à Avenida do Brasil, onde a ZERO montará um acampamento, e realizará medições contínuas ao longo das 24 horas, utilizando equipamento homologado e certificado, e divulgando em direto a informação obtida.
A campanha decorrerá em simultâneo nas redes sociais, onde o público se poderá juntar, efetuando também monitorizações via ‘software’ de medição de ruído, disponível para ‘smartphones’, "podendo assim também contribuir para uma monitorização cidadã ativa".
De acordo com a organização, também serão disponibilizados outros conteúdos ao longo das 24 horas, "incluindo o que se passa em outros aeroportos da Europa, e testemunhos de lisboetas que sofrem diariamente o ruído gerado pelos aviões nas imediações do aeroporto de Lisboa".
"O ruído é uma forte fonte de perturbação da qualidade de vida das pessoas, nomeadamente o ruído noturno, e encontra-se ligado a doenças crónicas, incluindo stress e doenças relacionadas, mas também a perturbações na aprendizagem das crianças, e mesmo doenças cardiovasculares", aponta a ZERO.
Recorda ainda que, no início do ano, o Governo português assinou um novo acordo com a ANA – Aeroportos de Portugal que engloba o aumento da capacidade aeroportuária do Aeroporto Humberto Delgado em Lisboa, estando prevista a quase duplicação do número de passageiros, dos atuais 22 milhões para 42 milhões de passageiros por ano, "com um aumento muito significativo do número de movimentos".
Além dessa expansão, o Governo está a preparar também a instalação de um aeroporto civil no Montijo.
No entanto, "tem sido continuamente recusada pelas entidades competentes a realização de uma Avaliação Ambiental Estratégica" no Montijo e, segundo a Zero, "em relação às obras de expansão do Aeroporto de Lisboa, não foi sequer decidida nenhuma Avaliação de Impacte Ambiental".
A associação ambientalista aponta ainda que, um acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia, determinou, em 2008, que “as obras realizadas para modificar um aeroporto com uma pista igual ou superior a 2100 metros incluem, não apenas eventuais obras de extensão da pista, mas todas as obras relacionadas com edifícios, instalações e equipamentos desse aeroporto, em particular devido à sua natureza, extensão e características, como uma modificação do próprio aeroporto, [sendo] o caso particular de obras que se destinem a aumentar significativamente o aeroporto e o tráfego aéreo”.
A ZERO considera que o funcionamento do aeroporto que sirva a região de Lisboa e o país "é demasiado fundamental para a economia, para o turismo e para o desenvolvimento nacional, mas também para a saúde de quem vive próximo, para ser decidido de forma tão opaca e tão pouco pensada e discutida".
Nesta linha, a organização exige que "o assunto seja amplamente debatido, porque silêncio é tudo menos o que existe nas proximidades da Portela".
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