“Vi numa aplicação [app] que a aeronave vinha” a caminho de Beja e “vim cá ver”, disse à agência Lusa, junto a uma das vedações nas imediações do aeroporto da cidade, um “spotter” (observador de aviões), que não se quis identificar.
O homem, que estava munido da sua máquina fotográfica, explicou que ainda viu “o avião no ar, escoltado pelos F-16” militares, mas, depois, já não viu “mais nada”, ou seja, não conseguiu assistir à aterragem na pista, que se encontra nas instalações da Base Aérea N.º11 de Beja.
Após a aterragem da aeronave, um Embraer, na pista da unidade da Força Aérea Portuguesa (FAP), mas que serve também para a aterragem dos aviões que utilizam o aeroporto de Beja, a Lusa deslocou-se ao local do terminal civil, mas constatou que, além de alguns poucos curiosos, a calma “reinava” no local.
O edifício do aeroporto encontrava-se de portas fechadas e a Lusa foi informada por um agente da PSP que a aeronave já tinha aterrado na parte militar e que iria permanecer nas instalações da base aérea, ou seja, não seria encaminhada para a zona de estacionamento do terminal civil.
Junto da vedação do aeroporto, era possível ver as placas de estacionamento, onde estavam duas aeronaves, mas não se conseguiam ver as pistas.
Uns quilómetros a seguir ao aeroporto de Beja, depois da localidade de S. Brissos, no campo, de onde é possível observar a pista da unidade militar, a Lusa constatou que, até por volta das 17:00, o Embraer da Air Astana esteve estacionado e rodeado de vários veículos, alguns com pirilampos ligados.
Poucos minutos depois, levantaram voo da base aérea os dois F-16 que escoltaram a aeronave até à aterragem de emergência, que se mantém na pista.
Contactado pela Lusa, o comandante distrital de Operações de Socorro de Beja, major Vitor Cabrita, revelou que a operação de aterragem de emergência da aeronave da Air Astana obrigou a “ativar a grelha de alarme para estes casos” da Proteção Civil.
O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Beja, explicou, mobilizou para a Base Aérea N.º11 “dois veículos urbanos de combate a incêndios, com um total de 12 operacionais, um veículo de desencarceramento, com seis operacionais, seis ambulâncias e quatro elementos de comando”.
Já fonte do Comando Territorial de Beja da GNR disse à Lusa que foram “mobilizadas cinco patrulhas e dois graduados, caso fosse necessário garantir corredores de evacuação”, mas “não chegaram a ser empenhados”.
“Tivemos foi duas outras patrulhas da GNR no controlo de acessos ao aeroporto, mas mesmo aí também não houve problemas”, disse a mesma fonte.
A PSP de Beja foi igualmente alertada para a emergência do avião, apesar de a aterragem de emergência se ter verificado na Base Aérea 11, de competência militar.
“O avião, em princípio, fica na base aérea e não vai para o aeroporto civil, onde há a segurança normal”, disse à Lusa fonte policial.
“Se tivessem sido registados danos humanos, a Polícia garantiria corredores de circulação”, sublinhou a mesma fonte.
O avião da Air Astana, que realizava o voo KZR 1388, descolou de Alverca às 13:21 e tinha como destino Minsk, capital da Bielorrúsia, mas sofreu uma "falha crítica nos sistemas de navegação e controlo de voo", disse à Lusa fonte aeronáutica.
Segundo a mesma fonte, o avião, um Embraer, esteve a fazer manutenção nas oficinas da OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal.
De acordo com uma informação transmitida à Lusa antes, o avião transportava apenas a tripulação, composta por seis pessoas.
Ministro da Defesa destaca papel da Força Aérea
O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, destacou hoje o "papel fundamental da Força Aérea" na complexa operação de aterragem de emergência do avião da Air Astana em Beja.
"Sim, o papel da Força Aérea foi fundamental", disse o ministro, precisando que a partir do momento em que foi recebido o alerta, dois F-16 levantaram voo imediatamente e escoltaram o avião para Beja.
Gomes Cravinho admitiu que se tratou de uma operação complexa, que obrigou a que mais dois F-16 estivessem de prontidão e também a Marinha, dado que "um primeiro cenário que se colocou era de que fosse necessária uma amaragem de emergência".
"Felizmente não houve danos porque foi possível aterrar em segurança. Não foi à primeira, porque é muito difícil aterrar aviões deste tipo, muito grandes, sem instrumentos de navegação", que viajam a centenas de quilómetros por hora, mas acabou por ser possível "com os F-16, a darem instruções ao piloto" e a aterragem em Beja, que tem uma pista muito comprida.
Questionado sobre as possíveis causas do incidente, uma vez que o avião estava em voo de teste e tinha sido submetido a uma intervenção de manutenção nas oficinas da OGMA, o ministro respondeu que não tem informação e que haverá uma investigação.
O ministro falou aos jornalistas à margem do Fórum de Paz de Paris, onde participa juntamente com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
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