Em 4 de janeiro, a Impresa anunciou a celebração de um contrato-promessa com a Páginas Civilizadas (Grupo Bel), do empresário Marco Galinha, que é acionista da Global Media, para a venda da sua posição de 22,35% na agência de notícias Lusa por 1,250 milhões de euros.
"É com preocupação que vemos estas movimentações e perguntámos ao Governo se foi informado previamente das intenções do acionista privado Impresa, se considerou a possibilidade de recuperação pelo Estado" da participação que é detida pela dona da SIC e como vê "estas movimentações que podem afetar a agência de notícias no seu conjunto, na sua estratégia", disse Jorge Costa.
O deputado do Bloco de Esquerda destacou dois aspetos nesta operação.
Uma "é o facto de haver uma concentração inédita da parte privada da propriedade da agência Lusa nas mãos de um único grupo económico, o que só por si é motivo de preocupação na medida em que na pluralidade dos detentores privados de capital da Lusa - que sendo sempre minoritários - a opção política no passado foi a de os diversificar", salientou.
O empresário Marco Galinha é acionista da Global Media Group (GMG), a qual é acionista da Lusa com 23,36%.
"O segundo elemento é que parece haver sinais de que associada a esta intenção de compra pelo grupo Bel poderá estar um projeto de entrada da agência espanhola Efe no capital da portuguesa Lusa", prosseguiu.
Tal "seria no mínimo estranho, sendo a Lusa um instrumento de soberania no sentido em que cumpre funções de agência de informação nacional, que é determinante no panorama informativo nacional", como também fora do país, "nos países lusófonos, em particular", destacou.
Também o PCP questionou o Governo sobre a compra da participação da Lusa pela Páginas Civilizadas.
Na terça-feira, será apreciado e votado na comissão parlamentar de Cultura e Comunicação o requerimento do PS e PSD para audição da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e da AdC sobre esta operação.
Além da Impresa e da GMG, a Lusa é detida em 50,14% pelo Estado português.
A NP - Notícias de Portugal detém 2,72% da Lusa, o Público 1,38%, a RTP 0,03%, O Primeiro de Janeiro 0,01% e a Empresa do Diário do Minho 0,01%.
A celebração do contrato definitivo para venda das ações da Lusa está sujeita "à finalização de uma auditoria contabilística e financeira e à não oposição à transação por parte da AdC (ou confirmação de que a notificação à AdC não é necessária)", de acordo com o comunicado da dona da SIC.
Contactada pela Lusa sobre a venda da participação na agência de notícias, fonte oficial da tutela disse no início do mês que "o Ministério [da Cultura] está a acompanhar a operação", escusando-se a fazer mais comentários sobre o assunto.
Em novembro, a AdC deu 'luz verde' ao Grupo Bel para ficar com o controlo exclusivo da Global Media Group (GMG), que detém o Diário de Notícias, o Jornal de Notícias, a TSF e outros meios de comunicação social.
O grupo Bel foi fundado em 2001 por Marco Galinha e tem atividades em vários setores, entre os quais máquinas de 'vending' (máquinas de venda automática) e aeronáutica. Entrou nos media em 2018, através do Jornal Económico.
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