Em entrevista à Lusa, Pedro Filipe Soares recordou que há quatro anos foi conseguida "uma saída política que mostrou que havia uma alternativa, que não estava refém da austeridade e podia contemplar recuperação de salários, rendimentos e direitos e valorizar a economia, com a criação de postos de trabalho", embora considerando que "poderia ter sido possível ainda ir mais longe e isso não só teria ajudado ainda mais a economia como teria transformado" Portugal "num país melhor".
"Creio que a nação ficou melhor do que estava em 2015. Lembramo-nos bem dos quatro anos de destruição de PSD/CDS em que muitos dos direitos, salários e pensões tinham sido colocados em causa, muitas dificuldades na nossa perceção enquanto país e o estado anímico do país também com uma grave crise de autoconfiança nas nossas capacidades", afirmou.
O deputado bloquista apontou como momentos altos da legislatura a aprovação do programa de Governo e do primeiro de quatro orçamentos do Estado (OE), pois "o programa de Governo porque era o corolário das negociações à esquerda e contemplou não o programa do PS, mas o resultado das negociações, incluindo o aumento do salário mínimo nacional (smn), o combate à precariedade, recuperação de salários, eliminação dos cortes num período muito curto".
"O primeiro OE, que sofreu enormes pressões da direita e da Comissão Europeia - chegámos a ser ameaçados de sanções pelo aumento do smn -, provou que havia responsabilidade nos compromissos assumidos e iniciou uma alteração na economia pelo positivo", salientou.
Pela negativa, Pedro Filipe Soares lembrou "a votação do dinheiro para o Banif" em que, "logo nos primeiros meses desta solução política, o PS demonstrou que não queria tocar nos interesses instalados no sistema financeiro", uma "má escolha porque respondia à chantagem indevida de Bruxelas e era uma resposta de novamente atirar dinheiro público para buracos privados".
Sobre um possível reeditar dos acordos com o PS depois das legislativas de outubro, o líder parlamentar do BE sublinha que "não há clones".
"Não faz sentido, em política, falarmos de coisas similares em momentos temporais diferentes. Não existe isso. Agora, demonstrámos que temos disponibilidade para o diálogo. Aconteceu em 2015 e acontecerá sempre para o futuro. A força que teremos nesse diálogo advém da capacidade que nos saia das urnas e da disponibilidade de outros para esse diálogo. As chamadas relações de força são as determinantes da política", disse.
Segundo Pedro Filipe Soares, "mais capacidade para o BE influenciar a política pode levar também o BE para o Governo".
"É isso que vamos disputar nas eleições. Apresentaremos um programa para governar o país. Estamos disponíveis para dar todos os passos nesse sentido, sendo essa força maioritária de um Governo. Estaremos à altura de cada uma das responsabilidades que nos forem dadas nas urnas como demonstrámos no passado e demonstraremos mais à frente", assegurou.
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