O procurador belga Frederic Van Leeuw entregou aos familiares de Lumumba uma pequena caixa azul que continha um dente - tudo que restou do herói assassinado - numa cerimônia transmitida pela televisão.
O funcionário disse que as ações judiciais adotadas pela família para receber a relíquia permitiram avançar no sentido da justiça. "Eu agradeço pelas medidas legais que tomaram, porque sem elas não estaríamos onde estamos hoje. Isto permitiu que a justiça do nosso país possa avançar", disse Van Leeuw.
O dente deveria ter sido colocado num caixão e levado para a República Democrática do Congo, que celebra Lumumba como um herói nacional na luta contra o colonialismo belga.
No final do período colonial belga no Congo, Lumumba formou o primeiro governo independente, mas o país passou a ser ameaçado de maneira imediata por um movimento secessionista na região de Katanga, apoiado pela Bélgica.
Depois de não conseguir o apoio da ONU para conter o movimento de secessão, Lumumba foi preso e executado em janeiro de 1961 ao lado de dois colaboradores. Os corpos nunca foram encontrados.
No ano 2000, um ex-polícia belga, Gerard Soete, confessou à AFP a sua participação na execução de Lumumba e afirmou que os corpos do herói independentista e dos seus colaboradores foram dissolvidos em ácido.
"Não restou quase nada, apenas alguns dentes", acrescentou Soete, que faleceu pouco depois do depoimento. O ex-agente guardou um dos dentes, que permaneceu durante anos na posse da sua família na Bélgica como um troféu.
Este é o dente que foi restituído à família de Lumumba.
A República Democrática do Congo anunciou que organizará um luto nacional pela chegada e enterro dos restos mortais, de 27 a 30 de junho, coincidindo com o 62º aniversário da independência congolesa.
A família de Lumumba iniciou em 2011 um processo na Bélgica para obter explicações sobre as condições do assassinato do líder independentista. Já em 2002, o governo belga pediu desculpas pelo seu papel no assassinato.
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