“Ricardo Salgado não praticou qualquer crime e esta acusação 'falsifica' a história do Banco Espírito Santo”, refere um comunicado assinado pelos advogados Francisco Proença de Carvalho e Adriano Squilacce.
A defesa de Salgado acrescentou que enquanto o antigo banqueiro “esteve no BES, não houve lesados”.
Os advogados enfatizam que, “durante todo o inquérito, as provas foram escondidas” de Salgado, “apesar dos insistentes e reiterados pedidos” da defesa “contra essa obstrução, mesmo depois de ultrapassados todos os prazos de um putativo segredo de justiça 'interno', que funcionou para a defesa, mas não existiu para, ao longo do tempo, distorcer a verdade na praça pública”.
A “decisão 'política' de resolução fez de um banco com 140 anos de história, dois milhões de clientes, 20% de quota de mercado e 25% de quota nas empresas, cobaia de uma experiência única na Europa”, prossegue a defesa.
A nota considera também que esta é uma “acusação preanunciada” desde 03 de agosto de 2014, “data em que o governador cessante do Banco de Portugal anunciou a morte do BES [depois deste banco ter sido afundado em provisões ilegais] e proferiu a 'sua sentença' para justificar o desastre da resolução, que, agora, está a condicionar a justiça”.
O comunicado assinala ainda que, “por muitos erros que tenha cometido”, Ricardo Salgado “sempre colocou os interesses do BES acima de quaisquer outros”.
O Ministério Público acusou hoje 18 pessoas e sete empresas por vários crimes económico-financeiros e algumas das quais por associação criminosa, no âmbito do processo BES/Universo Espírito Santo, em que a figura central é o ex-banqueiro Ricardo Salgado.
Segundo adianta uma nota da Procuradoria Geral da República (PGR), foi deduzida acusação por associação criminosa e por corrupção ativa e passiva no setor privado, de falsificação de documentos, de infidelidade, de manipulação de mercado, de branqueamento e de burla qualificada contra direitos patrimoniais de pessoas singulares e coletivas.
Em causa nesta complexa investigação, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), "está um valor superior a onze mil e oitocentos milhões de euros", em consequência dos crimes imputados, e prejuízos causados.
A PGR refere também que o processo principal BES/GES "agrega 242 inquéritos que foram sendo apensados, abrangendo queixas deduzidas por mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro".
Foram acionadas medidas de garantia patrimonial por via de arrestos e apreensões.
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