“Agradecemos o testemunho de fortaleza interior dado por este povo a uma sociedade débil nas suas convicções e o grande espírito de serviço, a atenção aos outros e a coragem para enfrentar as situações difíceis”, disse o prelado na sua homilia, na missa em memória das vítimas do incêndio, que celebrou na igreja de Pedrógão Grande.
Com o Presidente da República e o primeiro-ministro a assistir nos bancos da frente, Virgílio Antunes salientou que a tragédia de há um ano ensinou muito sobre o que há a fazer “no domínio do urbanismo, ordenamento do território, meios de defesa e combate, na reflorestação e nas comunicações” para prevenir situações futuras.
O incêndio que deflagrou há um ano em Pedrógão Grande (distrito de Leiria), em 17 de junho, e alastrou a concelhos vizinhos provocou 66 mortos e cerca de 250 feridos.
As chamas, extintas uma semana depois, destruíram meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.
Em outubro, os incêndios rurais que atingiram a região Centro fizeram 50 mortes, a que se somam outras cinco registadas noutros fogos, elevando para 121 o número total de mortos em 2017.
“O mais surpreendente nisto tudo é que não morreu a esperança nestes homens e mulheres que viram a destruição à sua frente, sentiram a morte tocar a sua família e experimentaram a noite bem escura”, disse o bispo de Coimbra.
O prelado frisou que a tragédia ensinou ainda mais “o valor da pessoa humana em todas as situações, mas particularmente nas necessidades e no valor da solidariedade humana e material, o valor da proximidade expressa em gestos bem sentidos e visíveis e palpáveis”.
“Dificilmente se poderia encontrar maior sintonia e melhor comunhão, solidariedade e amor ao próximo como se construiu à volta desta causa. Ninguém ficou de fora!”, sublinhou.
Referindo que a celebração do primeiro aniversário dos trágicos acontecimentos está marcada pelo “sabor da dor e da saudade”, Virgílio Antunes ressalvou que a população está também marcada pela “força da esperança”.
“Todos sentimos o dever de trabalhar em favor de uma ecologia integral que respeite as legítimas aspirações das populações destas regiões interiores, que respeite o meio ambiente, que promova uma economia sustentável e que possibilite o acesso a bens e serviços essenciais em pé de igualdade com outros cidadãos”, apelou.
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