Segundo a agência noticiosa oficial saudita SPA, os dois responsáveis “analisaram aspetos das relações bilaterais e perspetivas de cooperação conjunta, além de discutirem a evolução da situação regional e os esforços que estão a ser realizados para alcançar segurança e estabilidade”, sem fornecer mais pormenores.
De acordo com o Departamento de Estado norte-americano, Blinken “sublinhou a importância de dar resposta às necessidades humanitárias em Gaza e de evitar o alastramento do conflito” no Médio Oriente, perante o aumento das tensões devido aos recentes bombardeamentos dos Estados Unidos na Síria, no Iraque e no Iémen.
Em concreto, debateram sobre “a urgente necessidade de reduzir as tensões regionais, incluindo o fim dos ataques Huthis que estão a minar tanto a liberdade de navegação no mar Vermelho como o avanço no processo de paz no Iémen”.
Esta é a quinta digressão de Blinken pelo Médio Oriente desde a eclosão da guerra na Faixa de Gaza, a 07 de outubro, e tem como objetivo “prosseguir os esforços diplomáticos” para obter um cessar-fogo no enclave palestiniano.
Numa conversa telefónica, o chefe da diplomacia norte-americana transmitiu na passada sexta-feira ao homólogo saudita, Faisal bin Farhan, “o trabalho em curso para criar uma região mais integrada e pacífica que inclua segurança duradoura tanto para israelitas como para palestinianos”.
Reiterou igualmente a importância de “assegurar uma pausa humanitária que inclua a libertação dos reféns nas mãos do [movimento islamita palestiniano] Hamas”.
Esta nova viagem de Blinken ocorre depois de, na semana passada, os chefes dos serviços secretos de Israel, dos Estados Unidos e do Egito, bem como o primeiro-ministro do Qatar, terem chegado, após dois dias reunidos em Paris, a uma proposta de acordo para uma nova trégua e uma troca de reféns por prisioneiros palestinianos. Esse projeto de trégua foi de imediato transmitido à liderança do Hamas, que afirmou estar a analisar a proposta.
Neste contexto, o líder do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, pediu na sexta-feira “um cessar total dos combates” na Faixa de Gaza em troca da libertação de reféns e assegurou que a Jihad Islâmica Palestina, que também opera em Gaza, exigia o mesmo.
A viagem de Blinken ocorre também alguns dias depois de os Estados Unidos terem bombardeado posições de milícias pró-iranianas na Síria e no Iraque e dos rebeldes Huthis no Iémen, ações que desencadearam uma onda de condenações e receio de que o conflito de Gaza se expanda a toda a região do Médio Oriente. Após a visita à Arábia Saudita, o governante norte-americano seguirá para o Egito, o Qatar, Israel e a Cisjordânia.
A 7 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 132 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 122.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 27 mil mortos, 67 mil feridos e oito mil desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais, e quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, mais de 380 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 5.600 detenções.
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