O palco das manifestações deste 07 de setembro, Dia da Independência do Brasil, foi a Esplanada dos Ministérios, no centro da capital brasileira, que acolheu milhares de pessoas provenientes de várias partes do país, que exibiram cartazes com ataques aos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF), ao Congresso, pedidos de liberdade de expressão e religiosa e entoaram cânticos de apoio ao chefe de Estado.
Uma intervenção militar no país foi também uma das bandeiras defendidas pelos manifestantes na manhã de hoje, que se aglomeraram nos jardins da Esplanada e em cima de camiões, muitos sem máscara de proteção contra a covid-19.
Em declarações à agência Lusa, apoiantes de Bolsonaro repetiram as frases de protesto lançadas pelo Presidente nas últimas semanas, que exige o regresso do voto impresso ao país e acusa magistrados do Supremo de tentarem tirar a liberdade dos brasileiros.
"Viemos lutar pela nossa liberdade, pelo voto impresso e auditável, com contagem publica dos votos e que a ditadura da toga termine, porque o nosso Supremo está tirando as nossas liberdades. Eles estão rasgando a nossa Constituição. Infelizmente, o único que está dentro das quatro linhas (da Constituição) é o nosso Presidente e ele tem o nosso apoio", argumentou Patrícia Gomes, de Belo Horizonte.
"Vim aqui para prestigiar o meu Presidente e esta nossa luta que é a favor da liberdade de expressão, que está sendo vilipendiada pelo Supremo e por vários outros políticos. Estamos aqui a favor da liberdade do nosso Brasil. Para manter o nosso Brasil sempre livre e bonito como você está vendo aqui", disse Joziane, moradora de Brasília, mas natural do Rio de Janeiro.
Já Valter viajou do estado vizinho, Goiás, para homenagear Bolsonaro, defender um "Brasil melhor para todos" e acredita que o país vai "mudar partir deste 07 de setembro", que considera "um dia histórico".
"Estamos aqui apoiando o nosso Presidente para que ele se possa reeleger e arrancar esse STF, para que possa ter, literalmente, poder executivo. As ideias dele são boas, as perspetivas dele são excelentes para o nosso país, só que ele não tem o poder de ação. Estamos aqui a apoiar Bolsonaro, para que possa agir em nosso favor. Ele é um homem de família e que busca esses valores", disse, por sua vez, Edson, também de Goiás.
A segurança para o evento foi bastante apertada, com todos os cidadãos que pretendiam entrar na Esplanada a serem revistados pela Polícia. Contudo, e apesar do forte efetivo policial, não se registaram incidentes significativos no local.
Para alegria dos manifestantes, Bolsonaro sobrevoou Brasília num helicóptero e discursou para os milhares de apoiantes, lançando as já habituais ameaças contra juízes do Supremo, palavras que foram amplamente aplaudidas pelos presentes.
“Não mais aceitaremos que o Supremo [Tribunal Federal] ou qualquer autoridade usando a força do poder passe por cima da nossa Constituição (…) Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa especifica na região dos ‘três poderes’ continue barbarizando a nossa população”, disse Bolsonaro em alusão a Alexandre de Moraes, o magistrado do STF mais visado nos cartazes de protesto.
Enquanto Bolsonaro discursava, Valtério Neves falava com a Lusa, afirmando que os juízes do Supremo tentam impor uma "ditadura" no país.
"Hoje viemos aqui lutar pela nossa liberdade. Nós temos sido suprimidos pelo STF, que rasga a Constituição todos os dias, impõe uma ditadura no país e, infelizmente o nosso Senado é conivente. O único a defender a nossa liberdade é Jair Bolsonaro, o nosso líder máximo", disse.
Questionado sobre que tipo de ditadura o STF impõe ao país, o brasiliense destacou os mandados de detenção e "perseguição" contra bloggers e parlamentares aliados de Bolsonaro, a quem os juízes acusam de preparar atos antidemocráticos no país e de disseminar 'fake news'.
Até ao momento, organização e forças de segurança ainda não forneceram estimativas de público presente, prevendo-se que ronde as dezenas de milhares.
Na tarde de hoje, o foco das manifestações será a Avenida Paulista, em São Paulo, onde se espera que a adesão dos manifestantes pró-Bolsonaro seja superior e onde o chefe de Estado também irá discursar.
Comentários