Em 2004, no Europeu de Portugal, brilhou contra a seleção das quinas, apesar da derrota por 2-0 da sua seleção. Tinha apenas 22 anos e era visto como o principal talento russo no que a defesas diz respeito. 20 anos depois morreu no campo de batalha na Ucrânia, altura em que a sua vida já tinha dado uma enorme volta.

Após o Campeonato da Europa de Portugal todos esperavam que Bugaev continuasse no caminho certo, até ao estrelato do futebol mundial. Era muitos os elogios, mesmo além fronteiras.

Jogava no Torpedo de Moscovo, na altura um dos principais clubes da Rússia, e era o patrão da defesa. Depois do Europeu, no entanto, começou a faltar aos treinos e no final de 2004 o clube decidiu vendê-lo. Rumou aos campeões da altura, o Lokomotiv, mas não conseguiu vingar, com fama de gostar de bebida e noitadas, acabou por ser dispensado, tendo regressado ao seu clube de origem, o Tomsk, em 2006.

“Era um jogador brilhante. Tinha velocidade, força e posicionamento. Mas foi tudo em vão. Certa vez, Bugaev pediu-me dois dias de férias depois de um bom jogo, para poder ver a sua família em Moscovo. Eu concordei e disse que ele merecia. Ele desapareceu então. Acontece que ele esteve a beber o tempo todo”, disse o então treinador Valeriy Petrakov.

Dmitry Tarasov, médio internacional russo que jogou com Bugaev em Tomsk, disse: “Era um grande defesa, mas o álcool arruinou-o. Tivemos de procurá-lo em lugares muito maus. Era uma doença.”

Terminou a carreira com apenas 29 anos, em 2010, e dedicou-se a uma carreira ligada á logística e ainda a negócios de reciclagem. O vício do álcool levou-o, contudo, a contrair muitas dividas, avultadas, e acabou por virar-se para o mundo do crime, sendo apanhado em 2023 com droga. Em setembro último fora condenado a nove anos e meio de prisão.

Perante uma escassez de soldado para lutarem na Ucrânia, Vladimir Putin começou a recrutar criminosos nas prisões. Quem aceitasse, depois de cumprir o serviço militar, seria libertado da prisão. E um dos que aceitou foi Bugaev, que já tinha dito à família que não queria ir para a cadeia e que tinha decidido ir para a guerra na Ucrânia.

A sua última aventura, contudo, durou pouco mais de dois meses, tendo sido destacado em outubro. Morreu, aos 43 anos, no último domingo e nem sequer foi possível recuperar o seu corpo do campo de batalha.