Em plena campanha militar na Ucrânia, o Exército russo tem sido abalado por escândalos de corrupção, com pelo menos dez oficiais do Ministério da Defesa e generais detidos ou a enfrentar processos desde a primavera passada.

Timur Ivanov, que enfrenta uma longa pena de prisão, era responsável pela construção de instalações militares. Compareceu no tribunal de Khamovnichesky, em Moscovo, na quarta-feira.

Num vídeo divulgado pelo tribunal, aparece algemado e rodeado por polícias.

Estes casos contra as autoridades militares e de defesa têm-se multiplicado na Rússia desde abril, pouco antes da substituição do ministro Sergei Shoigu por Andrei Belousov, o economista responsável pela otimização dos colossais gastos militares do país, que foi nomeado para o cargo em maio.

Timur Ivanov é acusado de desviar 3,9 mil milhões de rublos (38 milhões de euros à taxa de câmbio atual) do banco Interkommerz, que faliu em 2016.

É também acusado de desviar 200 milhões de rublos (cerca de 1,96 milhões de euros) durante a venda de ferries destinados à travessia do estreito de Kerch, entre a Rússia e a península da Crimeia anexada por Moscovo.

Outro arguido no caso é Anton Filatov, antigo diretor da empresa militar russa Oboronloguistika, que pertence ao Ministério da Defesa.

Ambos se declararam inocentes, de acordo com a agência de notícias russa TASS.

O advogado de Ivanov, Murad Musayev, considerou as acusações contra o político “completamente infundadas”.

Timur Ivanov, que pode enfrentar até dez anos de prisão por peculato e até cinco anos de prisão por branqueamento de capitais, é também acusado de corrupção num caso separado.

Ivanov está sujeito a sanções da União Europeia (UE) desde 2022.

A Fundação Anticorrupção, fundada pelo falecido líder da oposição russa Alexei Navalny, publicou uma investigação sobre Ivanov em 2022.

De acordo com a organização, que é proibida na Rússia por extremismo, divorciou-se da mulher apenas para permitir que esta contornasse as sanções europeias e continuasse a viver na UE.

O seu estilo de vida luxuoso valeu-lhe o apelido de “general glamoroso” pela comunicação social russa.

Entre os bens apreendidos no âmbito da investigação das autoridades russas estão 23 carros de luxo, segundo a agência Tass.

De acordo com a Fundação Anticorrupção, o vice-ministro supervisionou e lucrou com projetos de construção em Mariupol, na Ucrânia, uma cidade que ficou sob o controlo de Moscovo após um cerco mortal que durou meses.