“Paramos com toda a atividade pública e privada [sexta-feira]”, apelou Venâncio Mondlane, numa mensagem divulgada pouco depois de Carlos Matsinhe, presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), ter anunciado, na quinta-feira, a vitória da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) em 64 das 65 autarquias nas eleições autárquicas de 11 de outubro, incluindo Maputo, confirmando os resultados de apuramento intermédio, fortemente contestados por observadores, organizações da sociedade civil e partidos da oposição.
Carlos Matsinhe, que leu a ata dos resultados a partir da capital, afirmou que oito membros daquele órgão votaram a favor do apuramento geral do escrutínio, cinco contra e dois abstiveram-se, incluindo o próprio presidente da instituição, segundo a Renamo. Vários tribunais em todo o país chegaram a anular procedimentos, incluindo três em Maputo, e a mandar repetir o processo eleitoral nos últimos dias, mas os resultados anunciados hoje pela CNE mantiveram-se praticamente inalterados face ao apuramento intermédio.
O candidato da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição) à capital apelou à população para “cancelar tudo” esta sexta-feira, a partir das 09:00 (08:00 em Lisboa), para uma “megaconcentração” para “celebração da verdade”, esperando a presença de “60.000 pessoas, 60.000 revolucionários”.
“O objetivo direto e claro é o genocídio político da Renamo. E se o povo não reagir, em 2024, em definitivo, eliminar a Renamo, eliminar a democracia”, afirmou aludindo à realização de eleições gerais no próximo ano e ao facto de o maior partido da oposição ter perdido, conforme anúncio da CNE, todas as oito autarquias que liderava no país.
O cabeça-de-lista da Frelimo a Maputo, Razaque Manhique, foi anunciado quinta-feira pela CNE como vencedor das eleições autárquicas na capital, com 58,78%. De acordo com a legislação eleitoral moçambicana, os resultados do escrutínio ainda terão de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional (CC), máximo órgão judicial eleitoral do país.
A autarquia de Maputo sempre foi liderada pela Frelimo, mas Venâncio Mondlane reclamou vitória nestas eleições, com 53% dos votos, com base na contagem paralela a partir dos editais e atas originais das assembleias de voto.
“Os números estão a favor da Renamo”, reagiu o candidato da Renamo, assumindo estar na posse de todos os documentos originais.
A concentração de hoje da Renamo em Maputo está prevista para a Praça dos Trabalhadores, no centro da capital, seguindo-se a apresentação de “medidas inteligentes” para “defender o resultado e a verdade eleitoral”.
“Não vamos precisar de pegar em paus, partir instituições, partir vidros”, garantiu ainda Venâncio Mondlane.
Na quarta-feira, os presidentes da Renamo, Ossufo Momade, e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) — que manteve a autarquia da Beira -, Lutero Simango, asseguraram que vão lutar “juntos para poder salvar a democracia”, insistindo que as eleições autárquicas do dia 11 foram o “cúmulo” da fraude eleitoral.
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