“Já há muito trabalho feito e espero apresentar uma candidatura europeia digna. Depois, terá também de haver algum trabalho diplomático, mas tenho muita confiança no trabalho do primeiro-ministro e do Presidente da República”, afirmou Rui Moreira, numa reunião camarária pública em que todo o executivo se uniu para saudar a decisão do Governo de candidatar o Porto à sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa).
Na sessão, o autarca distribuiu aos vereadores e aos jornalistas a carta que escreveu a 13 de julho ao primeiro-ministro, António Costa, destacando a “enorme dimensão política” da deliberação do Governo, a “valorização das complementaridades regionais” do país e o “auspicioso prenunciou de uma nova forma de governar Portugal”.
Para Moreira, a opção do Conselho de Ministros de candidatar o Porto à sede da EMA, depois de, numa primeira fase, ter escolhido Lisboa, “contrasta com uma lógica centralista que tem presidido às decisões de sucessivos” executivos.
De acordo com o autarca, isto é, “pelo menos em parte, responsável pelo atraso estrutural de Portugal”.
“A valorização das nossas complementaridades regionais, tendo como objetivo último a competitividade do todo nacional, deixa, assim, de ser um mero argumento retórico”, frisou Moreira, na missiva.
O assunto foi abordado na sessão camarária por Amorim Pereira, vereador eleito pelo PSD, que sublinhou a “vitória do Porto mas também da liderança do Porto”.
“São estes momentos que nos fazem ter orgulho de fazer parte desta vereação”, afirmou.
O socialista Manuel Pizarro, com quem Moreira manteve, até maio, uma coligação pós-eleitoral, sublinhou que o Governo se comportou “de forma muito digna”.
“Numa democracia evoluída, quando se toma uma decisão com base em argumentos incompletos, é normal voltar atrás. O Governo sai engrandecido desta decisão”, frisou.
Para Pizarro, esta é a prova de que “nem todos os partidos no governo se comportam da mesma forma com o Porto”.
“É também a mostra de que vale sempre a pena lutar de forma convincente e organizada”, acrescentou.
Pedro Carvalho, da CDU, apelou à preparação de uma “candidatura vencedora”, notando que “o envolvimento das forças vivas da cidade vai ser fundamental” para a mesma.
O Conselho de Ministros decidiu a 13 de julho candidatar a cidade do Porto para acolher a EMA, por considerar ser a cidade portuguesa que "apresenta melhores condições para acolher a sede daquela instituição".
Na ocasião, o ministro da Saúde indicou que o Porto tem "todas as condições" para acolher a sede da EMA, incluindo "instalações logísticas" capazes de, com "um pequeno esforço de adaptação", acolher os cerca de 900 funcionários que atualmente trabalham na sede daquela agência em Londres.
Quanto às possíveis localizações na cidade, o ministro da Saúde apontou que está sinalizado "um edifício na praça D. João I, que apresenta condições técnicas muito adequadas".
Inicialmente, Lisboa era a única candidata nacional, mas o Governo reabriu o processo de forma a integrar também o Porto.
Praticamente todos os Estados-membros da União Europeia já apresentaram ou vão apresentar uma candidatura a sede da EMA, relativamente à qual deve existir uma decisão final em outubro ou novembro.
Lisboa já é sede de duas agências europeias, a da Segurança Marítima e o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência.
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