Numa entrevista à Agência Ecclesia, hoje divulgada, o cardeal de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considerou que quem gere o “bem comum”, a nível nacional e na Europa, tem de conceder um “apoio forte” às pessoas e às instituições, num contexto de economias “tão abaladas”, porque existe o risco de não haver “Europa que chegue nem que sobre”.
“A subsistência das famílias é um problema grande. E, como tem sido dito, a pandemia é sanitária, atinge a saúde das pessoas e é preciso ser resolvida nesse campo. Mas também é mental e é económica”, disse o cardeal, acrescentando que há preocupação nas organizações da igreja católica sobre a manutenção dos postos de trabalho.
Sobre a pandemia, o bispo considerou que indica que “há muita coisa de errado” na relação com a natureza e recusou o “discurso muito velho” de que se trata de um castigo de Deus.
Manuel Clemente afirmou também que as experiências da igreja com os meios digitais, durante o confinamento, e suspensão das missas e outros serviços religiosos não eliminaram a vontade dos encontros físicos entre os fiéis, que vão voltar “com muita força” após o retomar dos contactos sociais.
Assegura, contudo, que os meios digitais vão manter-se como um complemento.
Fonte do gabinete do primeiro-ministro confirmou hoje à Lusa que António Costa irá reunir-se na segunda-feira com o cardeal patriarca de Lisboa para “preparar o levantamento das limitações às celebrações religiosas”, após uma notícia avançada pela Rádio Renascença ao início da tarde.
Manuel Clemente está a terminar o segundo mandato como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que deveria reunir-se numa assembleia plenária a partir de segunda-feira para eleger o seu sucessor, adiada para junho devido à atual situação provocada pela pandemia.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 160 mil mortos e infetou mais de 2,3 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 518 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 714 pessoas das 20.206 registadas como infetadas.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria ou Espanha, a aliviar algumas das medidas.
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