"No dia da sua morte, e celebrando a sua vida, quero falar daquilo que está para além das divergências na política, que é o amor à liberdade, o respeito, as convicções, a coragem, e esses são valores que eu reconheço na vida do João Semedo, permanecem na minha memória, e hoje curvo-me perante essa memória", disse à Lusa Isabel Galriça Neto.
A deputada, que é médica, e foi recentemente um dos rostos contra a despenalização da morte assistida, uma causa de João Semedo, sublinhou que além das "profundas divergências" que tinham, existiu sempre respeito mútuo e o antigo coordenador do Bloco foi "um bom amigo".
O ex-coordenador do Bloco de Esquerda (BE) morreu hoje, depois de uma luta de anos contra o cancro.
Galriça Neto defendeu que a vida de João Semedo incorporou a "ideia de construção do bem comum" e da necessidade de, com coragem, de lutar por valores.
O CDS expressou, através da deputada e dirigente, condolências à família e amigos de João Semedo e ao BE.
João Semedo, que dividiu a coordenação do BE com a ainda coordenadora, Catarina Martins, após Francisco Louçã deixar o cargo, teve uma vida dedicada à atividade política nacional e internacional, às artes e à medicina, tendo mesmo sido um dos autores de uma nova proposta de Lei de Bases da Saúde.
Membro da direção do movimento cívico "Direito a morrer com dignidade", João Semedo nasceu a 20 de junho de 1951, em Lisboa, cidade onde frequentou o Liceu Camões e onde se veio a licenciar, na Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1975.
Depois de um longo percurso como médico e político, lançou em janeiro de 2018, em conjunto com António Arnaut, o livro "Salvar o SNS - Uma nova lei de bases da Saúde para defender a democracia".
João Semedo fundou, em 2003, com outros ex-dirigentes do PCP, o Movimento da Renovação Comunista. No ano seguinte, aceitou o convite de Miguel Portas para integrar como independente as listas do Bloco para o Parlamento Europeu.
A aproximação ao Bloco de Esquerda prosseguiu com a participação de João Semedo nas listas às legislativas pelo Porto e acaba por se tornar deputado, substituindo João Teixeira Lopes, em março de 2006.
Semedo acabou por aderir ao Bloco de Esquerda em 2007 e protagonizou candidaturas autárquicas em Gondomar (enquanto independente em 2005), Gaia (2009) e Lisboa (2013).
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