“O gabinete do ministro das Finanças não foi informado nem tinha que ser, portanto a informação que eu tenho para transmitir é muito escassa”, começou por dizer o ministro das Finanças, Mário Centeno, questionado pelos jornalistas à margem da conferência “O Portugal dos nossos netos: tendências demográficas e economia no século XXI”, em Lisboa.
O ministro disse ter “plena confiança na atuação do Ministério Público”, acrescentando que irá acompanhar o caso à medida em que for solicitado, garantindo que “o funcionamento das instituições, também da IGF, será totalmente preservado no contexto que se colocar nos próximos dias”.
“Neste momento, creio que isso está garantido, vamos continuar a acompanhar”, disse Centeno, sem adiantar mais.
Inspetores da Unidade de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária realizaram hoje buscas na IGF e outras domiciliárias, confirmou à Lusa fonte policial.
A PJ realizou também buscas para apreensão de documentação no Ministério da Defesa e na Cruz Vermelha Portuguesa.
Em causa estão suspeitas de corrupção passiva, peculato e abuso de poder de altos responsáveis de serviços centrais da Administração Pública do Estado, segundo a Procuradoria-geral distrital de Lisboa.
A mesma fonte adiantou que as diligências “têm por objeto o apuramento de responsabilidades individuais de dirigentes da administração pública da área de serviços com a missão designadamente do controlo financeiro e fiscal do Estado, da área ministerial, incluindo uma instituição humanitária de utilidade pública e uma empresa privada”.
Em investigação estão “indícios da prática de atos ilícitos em procedimentos concursais, em ações de fiscalização que lesaram gravemente o Estado nos seus interesses financeiros, tendo como contrapartidas benefícios individuais dos visados”.
O processo está a ser investigado pela 9.ª secção do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP) e na operação intervêm 50 inspetores da PJ, peritos informáticos e financeiros da PJ, seis magistrados do MP e quatro auditores.
IGF está satisfeita com diligências das autoridades judiciárias
"A IGF manifesta a sua satisfação pelas diligências hoje efetuadas pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária, em linha com as já realizadas no âmbito da designada ‘operação BUG’, bem como a sua confiança na rápida conclusão das investigações em curso, com vista a pôr termo às atividades ilícitas contra órgãos e instituições do Estado", disse a IGF num comunicado.
A IGF lembrou que em 20 de março e em 14 de setembro de 2018 "tinha comunicado às autoridades judiciárias comportamentos indiciadores da prática de atos ilícitos por parte de alguns trabalhadores".
"Nessa sequência, órgãos e instituições públicas, incluindo a IGF, foram alvo de denúncias caluniosas com indícios de origem interna, as quais foram, igualmente, comunicadas ao Ministério Público, encontrando-se em curso as respetivas investigações", disse na mesma nota de imprensa.
No âmbito das investigações em curso, a IGF disponibilizou-se para prestar às autoridades judiciárias "toda a colaboração e informação que fosse considerada relevante para a descoberta da verdade e para a cessação da atividade criminosa".
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