“Parar enquanto podemos” foi a frase mais repetida por cerca de centena e meia de manifestantes que se juntaram hoje na Praça Paiva Couceiro, em Lisboa, para percorrerem as ruas até à Praça do Chile.

Os manifestantes chegaram à Praça do Chile pelas 17:10, onde se mantiveram sentados, impedindo a circulação rodoviária, perante o olhar atento de dezenas de agentes da PSP e do corpo de intervenção.

Este corte de trânsito, que já estava previamente acordado com as autoridades, ainda se mantinha pelas 19:00.

Ao longo de pouco mais de uma hora de um protesto pacífico, os manifestantes pararam duas vezes para se fazerem ouvir, e distribuíram panfletos informativos aos transeuntes e aos comerciantes locais.

“Desarmar a indústria fóssil” e “Vais esperar, arder ou vais resistir” eram algumas das mensagens que se podiam ler nos cartazes exibidos pelos participantes no protesto e por representantes de associações que se juntaram à iniciativa do movimento “Climáximo”.

Antes do arranque da marcha, em declarações à agência Lusa, Maria Paixão, ativista pela justiça climática, explicou que o objetivo desta ação é “mobilizar a sociedade”, uma vez que não estão a ser encontradas soluções políticas.

“Estamos no rescaldo de uma série de catástrofes naturais nos últimos meses. A mais recente que assistimos foi a de Valência. E o nível de violência que a justiça climática está a ter é horripilante. Tudo está a acontecer rapidamente”, afirmou.

A ativista explicou que a escolha deste local se deve ao facto de “ser uma das últimas zonas da cidade que ainda não foi totalmente alienada para o turismo”.

Uma das participantes nesta manifestação foi Ana Marcelino, que trazia consigo um cartaz com a foto de uma vaca, para defender uma alimentação “sem produtos animais”.

“Nós sabemos que o planeta está numa situação deplorável. Ninguém fala de uma questão que todos nós podemos fazer três vezes ao dia. O que nós escolhemos colocar no prato para comer. Já existem dados abundantes de que o consumo de produtos animais é dos principais fatores para a degradação que já existe no planeta”, argumentou.

Outra das participantes, Rita Ferreira, explicou à Lusa que veio à manifestação de hoje para mostrar a sua “solidariedade” com as causas defendidas pela Climáximo.

“Acho que os jovens da Climáximo têm sido muito mal interpretados. Acho que cabe à minha geração mostrar que estamos com eles”, apontou.

Antiga emigrante na Alemanha, Rita Ferreira lamentou as diferenças de mentalidade existe nos dois países.

“O movimento ecológico lá fora é muito maior do que em Portugal. É chocante”, sublinhou.

No mesmo sentido, Emanuel Candeias, membro da organização “Animal Save Portugal”, lamentou a passividade das entidades nacionais e internacionais no combate às alterações climáticas, defendendo um maior envolvimento da sociedade civil.

“Os governos e as empresas não querem avançar no sentido correto e os cientistas estão muito alarmados. Este é o ano mais quente de sempre e assistimos à morte de pessoas mais vulneráveis. Temos de agir”, instou.

(Notícia atualizada às 19h08)