Perante milhares de pessoas concentradas na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, Arménio Carlos anunciou que a CGTP-IN convocou “duas grandes manifestações”, inseridas no Dia Nacional de Luta, com o lema “Unidos pela valorização do trabalho e dos trabalhadores”.
“Um dia de luta nacional de conferência que convoca todas as mulheres e homens trabalhadores (…) que lutam pela efetivação da mudança de política e que irão, a uma só voz, transmitir ao Governo que este é o momento de avançar, porque é a partir do que se faz no presente que se constrói o futuro”, disse Arménio Carlos.
As referências e os recados ao Governo foram, aliás, uma constante no discurso do secretário-geral da CGTP, que defendeu que foi também graças à luta da plataforma sindical que foi possível “travar a política de destruição de direitos laborais e sociais”.
“Valorizamos o que foi feito. Mas a vida continua, o tempo passa, os problemas estruturais mantêm-se, as respostas tardam e é preciso atender às legítimas expectativas de todos os que lutaram pela mudança. Este é o tempo de mudar e de fazer mais e melhor”, defendeu.
Nesse sentido, sublinhou que é agora “momento de definir, de forma clara, o rumo da política a seguir em Portugal”, assumindo com “coragem e determinação uma política de esquerda soberana, que valorize o trabalho e os trabalhadores”.
Criticou que Portugal continue a ser “um dos países com maiores desigualdades salariais”, com um salário médio anual que corresponde a “apenas 51% da média europeia”, onde “oito em cada dez empregos criados têm vínculos precários”.
“Um Governo que anuncia a mudança de política e se diz preocupado com as pessoas, não pode ficar impávido e sereno quando o PSD e o CDS lhe fazem o elogio envenenado por manter a legislação de trabalho da política de direita e da troika”, apontou.
Arménio Carlos disse que a CGTP tem consciência que “não se pode solucionar num mês aquilo que foi corroído e destruído ao longo de décadas”, mas, por outro lado, não aceita que “um ano e meio depois de o Governo ter iniciado funções, não se tenha atacado os problemas que estão na origem das desigualdades e da pobreza laboral”.
“Vamos lutar para que o Governo PS dê resposta à exigência da eliminação das normas gravosas da legislação laboral. (…) Vamos à luta para forçar o Governo a eliminar a norma da caducidade, reintroduzir o princípio do tratamento mais favorável do trabalhador e a renovação automática dos contratos coletivos”, adiantou.
Disse também que a CGTP vai exigir ao Governo que no próximo Orçamento do Estado assegure a progressão nas carreiras, reponha o vínculo de nomeação e aumente os salários dos trabalhadores da administração pública.
“Tenha o Governo do PS a vontade política, a sensibilidade social e o sentido de mudança que anuncia para o país e não desperdiçará a disponibilidade manifestada pelo PCP, Bloco de Esquerda e Verdes para aprovar na Assembleia da República propostas de lei que ponham termo à legislação laboral imposta pela política de direita”, defendeu.
Para Arménio Carlos, “é agora” que o atual Governo pode resolver o problema e garantiu que se o Executivo está à procura de apoio, pode encontrá-lo no Partido Comunista.
Apontou ainda que o “grande desafio” está em reforçar os sindicatos, conseguir mais sindicalizados e “transformar a força de cada numa grande força coletiva”.
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