Num discurso proferido na conferência anual de embaixadores da UE, em Bruxelas, Kallas afirmou que a UE deve ser transnacional e guiar-se por interesses comuns com os países que não estão totalmente alinhados com a UE-27.
“A maioria dos países tem relutância em escolher entre autocracias que se opõem ao Ocidente e o próprio Ocidente. Foi o que aconteceu durante a Guerra Fria. Cada país é guiado pelos seus próprios interesses, e não pelo facto de ser aliado da UE, dos Estados Unidos, da China ou da Rússia”, defendeu.
Neste sentido, a Alta Representante para a Política Externa deu o exemplo da Turquia ou dos Estados do Golfo, países que não estão completamente alinhados com a UE ou os Estados Unidos e que têm “as suas próprias agendas estratégicas e abordagens transnacionais”.
Kallas disse que a questão é saber se a UE também deve ser transnacional, referindo que, em muitos aspetos, é tempo de o bloco o fazer.
“Quando temos interesses comuns, há espaço para a cooperação”, defendeu a antiga primeira-ministra da Estónia, citada pela agência espanhola Europea Press.
Kallas citou o exemplo dos acordos comerciais celebrados com o México ou o Mercosul como uma abordagem pragmática e lógica a seguir pela UE.
“Temos de ser honestos e aceitar que não podemos esperar dos outros o mesmo que dos nossos Estados-Membros ou aliados. O contexto histórico e cultural de cada país é diferente”, afirmou.
Defendeu, por isso, que a UE deve formular as suas políticas com base numa “abordagem adaptada em conformidade, seja em África, na América Latina e nas Caraíbas, no Sudeste Asiático ou na região do Pacífico”.
Acrescentou que a UE vai continuar a defender os seus interesses e a lutar para que as suas empresas façam incursões noutros países e ganhem contratos públicos, mas “nunca com métodos questionáveis”.
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