Manuel Temprilho, de 61 anos, vive há cerca de 30 anos na vila de Góis e, em dezembro de 2017, quando ia para fazer “a higiene da manhã”, deparou-se com a água “turva, preta”, a correr na torneira.
“Cheguei a ir buscar água do Luso para lavar a cara e lavar os dentes, porque a água estava suja. Mais uns dias e resolveu-se. Agora está branca, nova, limpa”, contou à agência Lusa o habitante do concelho afetado pelos incêndios em junho e outubro de 2017.
A água ficou turva e suja entre “o final de novembro e dezembro”, quando vieram as primeiras chuvas fortes, contou à agência Lusa a presidente da Câmara, Lurdes Castanheira, referindo que o município teve que optar por suspender as captações no rio Ceira, que passa junto da vila, e comprar água à Águas do Centro Litoral.
Entre dezembro de 2017 e janeiro já deste ano, a autarquia teve que alugar viaturas e pagar o transporte de camiões cisterna para abastecer a rede do concelho.
Só em transporte, já foram gastos mais de 30 mil euros, informou, referindo que já contactou a secretaria de Estado do Ambiente para “ver se há algum apoio que venha a minimizar a despesa municipal”.
Por agora, Góis está a abastecer-se no rio, mas a suspensão das captações deverá ser recorrente durante todo o inverno.
“Não vale a pena pensarmos que deixámos de comprar água e que esta situação está terminada. Já acautelámos um conjunto de meios financeiros para fazer face a estas despesas – seja a compra [da água], seja o aluguer das cisternas”, afirmou Lurdes Castanheira.
De acordo com autarca, tudo vai depender da intensidade da chuva no inverno, sublinhando que sempre que se registarem “um ou dois dias a chover intensamente é natural que a água fique novamente turva e não haja condições para a captação”.
“Não há nenhuma alternativa”, assegura, sublinhando que a captação é recente – “não tem dois anos” -, sendo que seria “impossível fazer um furo” no rio Ceira.
A presidente da Câmara de Góis acredita que a intervenção prevista nos cursos de água do concelho – com um orçamento de 700 mil euros – possa vir a minimizar os riscos e problemas verificados no Ceira.
Segundo Lurdes Castanheira, as medidas deverão começar a avançar para o terreno em fevereiro.
No entanto, a autarquia já está preparada para que a fatura com a água continue a aumentar, face às previsões de chuva.
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