“O processo de negociação de paz está suspenso”, declarou, na quarta-feira, na rede social X (antigo Twitter), a delegação governamental responsável pelo diálogo com o ELN.
A delegação acrescentou que as conversações não podem ser retomadas sem “uma demonstração inequívoca do desejo de paz” por parte da guerrilha.
O Governo da Colômbia e o ELN iniciaram conversações de paz em novembro de 2022. Mas o principal sucesso do diálogo, um cessar-fogo bilateral que vigorou durante um ano, terminou sem novo acordo em 03 de agosto passado, com a guerrilha a retomar os ataques.
“Durante estes meses, o Governo enviou múltiplas propostas ao ELN”, lamentou a delegação governamental.
Na terça-feira, o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já tinha dito que o ataque contra a base de Puerto Jordán, no departamento de Arauca, no leste da Colômbia, era “uma ação que praticamente encerra o processo de paz, com sangue”.
O ataque de terça-feira causou a morte de dois soldados e deixou 26 feridos, incluindo cinco em estado grave.
“As consequências das ações e do fluxo da história hoje trazem-nos um acontecimento dramático e repetido nos nossos últimos anos, um camião carregado de explosivos, (…) de acordo com os dados que tenho, colocados pelo ELN com quem estávamos em conversações de paz”, lamentou Petro.
O Presidente comparou este ataque com um outro, contra a Escola de Cadetes da Polícia Colombiana em Bogotá, que em janeiro de 2019 fez 20 mortos e 68 feridos, suspendendo o diálogo que o Governo mantinha com a guerrilha.
“E é como um futuro eterno, silenciando uma parte do povo e continuando em guerras, matando-se uma e outra vez como se esta fosse a nossa história”, disse.
Também o ministro do Interior colombiano, Juan Fernando Cristo, considerou, na terça-feira que “uma mesa de negociações não pode continuar no meio do sangue dos soldados feridos, da população civil”.
“Este ataque terrorista, atribuído ao grupo armado organizado ELN (…) foi levado a cabo perto de uma escola, que pôs em risco a vida de menores, e constitui uma flagrante violação dos direitos humanos e uma grave violação do direito humanitário internacional”, afirmou o Ministério da Defesa colombiano, na rede social X.
No domingo, dois soldados morreram enquanto estavam num posto de controlo numa zona rural de Tame, num ataque também atribuído ao ELN.
A guerrilha atacou recentemente os oleodutos Cano Limón-Covenas e Bicentenario, dois dos mais importantes do país.
Ativo desde 1964, o ELN conta com cerca de 5.800 membros, de acordo com os serviços de informação militar da Colômbia.
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