"Tive 50% da guarnição do meu lado e outros 50% que não quiseram cumprir as minhas ordens”, disse o primeiro-tentente Vasco Lopes Pires à CNN, garantindo que estava "confortável" com a decisão de navegar.
"Assumi que o navio tinha condições de segurança para navegar, e falei disso à guarnição”, explicou o comandante. "Afirmei perante toda a guarnição que, se em qualquer momento da missão sentisse que algum dos meus militares estaria em perigo, retornaria de imediato para o Funchal e abortaria a missão, se assim necessário. Aliás, tinha essa autorização direta do comandante naval para o fazer, caso fosse necessário".
Estão em curso 13 processos disciplinares após mais de uma dezena de militares do navio NRP Mondego ter-se recusado, no sábado, a embarcar para cumprir uma missão, invocando falta de condições de segurança.
De acordo com um documento elaborado pelos 13 militares em questão, a que a Lusa teve acesso, no sábado à noite o NRP Mondego recebeu ordem para "fazer o acompanhamento de um navio russo a norte do Porto Santo", numa altura em que as previsões meteorológicas "apontavam para ondulação de 2,5 a 3 metros".
Segundo estes 13 militares, o próprio comandante do NRP Mondego "assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas" do navio.
Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares constava designadamente o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais.
Acrescia ainda, de acordo com os 13 militares, que o navio "não possui um sistema de esgoto adequado para armazenar os resíduos oleosos a bordo, ficando estes acumulados nos porões, aumentando significativamente o risco de incêndio".
Na nota enviada à agência Lusa, a Marinha confirma que o NRP Mondego estava com "uma avaria num dos motores", mas refere que a missão que ia desempenhar era "de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas".
Aquele ramo das Forças Armadas refere ainda que o comandante do navio reportou que, "apesar das limitações mencionadas, tinha condições de segurança para executar a missão".
*Com Lusa
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