Prigojin, em conflito aberto há meses com a hierarquia militar russa, ameaçou na sexta-feira retirar os seus combatentes desta cidade ucraniana, que as forças russas atacam desde agosto passado, se não recebesse mais munições da parte do Exército.

No domingo, anunciou que já tinha recebido a promessa de que seus homens seriam abastecidos.

“De acordo com as primeiras informações, estamos a começar a receber munições”, disse Prigojin numa gravação áudio transmitida no Telegram pelo seu serviço de imprensa.

Segundo o líder do grupo mercenário, as forças russas avançaram 130 metros durante o último dia em Bakhmut: “A luta é feroz. Os grupos estão a avançar e continuarão a avançar”, afirmou, acrescentando que as tropas ucranianas agora controlam apenas 2,36 quilómetros quadrados da cidade.

O estado-maior ucraniano, por sua vez, simplesmente informou que “as hostilidades continuam na cidade de Bakhmut”, com “ações ofensivas mal sucedidas” das tropas russas.

A batalha por Bakhmut, a mais longa do conflito, foi marcada por pesadas baixas de ambos os lados, apesar de dúvidas sobre a importância estratégica da cidade.

A Ucrânia disse que prepara há meses uma grande contraofensiva, que parece cada vez mais iminente ou até já em andamento, segundo fontes militares ucranianas locais e vários analistas.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.791 civis mortos e 14.815 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.