“É uma matéria que não tem sido debatida e que é grave, porque muitas empresas não têm acesso ao ‘lay-off’. Não são contempladas, porque basta ter algum atraso na Segurança Social ou no fisco”, afirmou hoje o presidente da Associação de Valorização do Chiado (AVChiado), Victor Silva.
Em declarações à agência Lusa, o dirigente referiu que os comerciantes estão preocupados com os impactos da pandemia da covid-19 no comércio, acrescentando que as “Lojas Com História” serão as primeiras a entrar em rutura.
“As empresas que não têm acesso ao crédito é que vão cair. Quem são essas empresas? São as ‘Lojas Com História’ que já estavam a fechar […]. As ‘Lojas Com História’ vão definitivamente passar à história”, realçou.
Para Vitor Silva, a situação é muito grave e toda a cadeia produtiva está em risco.
“Estas empresas não vão conseguir pagar salários, não vão conseguir pagar rendas, não vão conseguir pagar seguros e não vão conseguir pagar a mercadoria aos fornecedores”, alertou, sublinhando que afetará, principalmente, as micro, as pequenas e as médias empresas.
O presidente da AVChiado defendeu ainda que as empresas não deviam despedir os trabalhadores, de modo a serem contempladas com os apoios financeiros.
Por seu turno, o vice-presidente da Associação de Dinamização da Baixa Pombalina (ADBP), Vasco Melo, considerou haver “um grande ponto de interrogação” em relação ao comércio na Baixa, referindo também que muitas lojas vão ter de fechar as portas.
“Pensamos que muito comércio vai encerrar. Principalmente, muito comércio independente”, salientou, afirmando que há “uma grande expectativa por parte dos comerciantes”.
De acordo com Vasco Melo, a maior preocupação dos comerciantes é como serão pagos os salários no final de abril.
“Aquela que tem sido a maior [preocupação] é como irão pagar, ao final deste mês, os seus compromissos e honrar os seus compromissos, nomeadamente os salários”, sublinhou.
O vice-presidente da ADBP alertou ainda para a preocupação dos gerentes e dos administradores das pequenas e médias empresas (PME), que terão de pagar “30% do ‘lay-off'”, sendo “obrigados a pagar” as despesas do próprio bolso.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8.251 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).
Dos infetados, 726 estão internados, 230 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 866 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 172.500 são considerados curados.
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