“Este ano estamos com uma grande expetativa, estamos fora de pandemia, é um ano diferente, mas também estamos preocupados porque as famílias já estão a sentir forte contração desde setembro no seu poder de compra quando vão ao supermercado. O aumento dos preços está a ter um forte impacto nos agregados familiares”, disse à Lusa Carla Salsinha.
A presidente da direção da UACS lembrou um inquérito recente que dava conta de que as famílias estão a pensar gastar menos nas compras de Natal.
“As famílias estão a pensar usar o subsídio para poupar para o que aí vem e a dedicação às compras de Natal vai ser menor, fruto do receio do que aí vem. As pessoas estão receosas com as intervenções dos economistas, dos comentadores sobre os próximos três/quatro meses com uma inflação elevada”, destacou.
Segundo Carla Salsinha, tirando os bens de primeira necessidade, as famílias vão reduzir em gastos como vestuário e livros.
“Os comerciantes têm-nos dito que as pessoas continuam a comprar, mas procuram o mais barato. Contudo, estamos com uma alta expetativa porque o Natal é o momento mais alto do comércio, mas por outro lado é um pau de dois bicos…com estas perspetivas para 2023 vamos ver se o Natal não vai ser a altura em que as famílias vão quebrar a tradição do consumo”, referiu.
Apesar disso, indicou Carla Salsinha, o comércio tem também fortes expectativas para o início do ano devido à época dos saldos.
“Temos logo a seguir os saldos que são outra época em que as pessoas, no que diz respeito aos bens de valor mais elevado e que não são de primeira necessidade, aproveitam para comprar. As primeiras três semanas de janeiro são sempre de forte consumo porque as pessoas aproveitam os saldos”, contou.
Mas, para já, a presidente da UACS diz que as expectativas são altas, até porque hoje vão ser ligadas as luzes de Natal na cidade de Lisboa e inaugurado o tradicional pinheiro com 30 metros de altura na Praça do Comércio.
Carla Salsinha contou que nos últimos anos as luzes de Natal da cidade eram ligadas em 24 de novembro, mas este ano isso não aconteceu.
“É sempre o momento mais nobre para a cidade e mais importante para o comércio e muitos turistas internos, os nossos portugueses que vivem fora de Lisboa vêm à cidade de propósito para ver as luzes de Natal. São momentos de grande afluência à cidade, mas depois da recomendação do Governo, a Câmara Municipal de Lisboa entendeu acender as luzes apenas agora e nós, comércio, apesar de ser um custo para nós, compreendemos que estamos num momento atípico. Temos de dar o nosso contributo”, disse.
Quanto ao ano de 2023, Carla Salsinha diz que “será uma grande prova” pois o setor depende das circunstâncias financeiras em que as famílias estão.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e a presidente da UACS vão marcar hoje presença junto da árvore de Natal no Terreiro do Paço para o arranque oficial das iluminações de Natal na cidade de Lisboa.
Este ano, a Câmara Municipal de Lisboa optou por ligar as luzes mais tarde e reduzir o horário para iluminações de Natal para poupar no consumo de energia.
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