Durante os três dias da reunião magna do partido, que decorreu em Viseu entre sexta-feira e hoje, mais de 400 delegados encheram o Expocenter, onde, nas paredes, se via a bandeira de Portugal, o símbolo do partido, e a cara de André Ventura.

Na primeira vez que subiu ao palanque, onde foi aplaudido com fogo-preso, o líder do Chega procurou capitalizar com as divisões internas no PSD e CDS, apelando ao voto dos militantes sociais-democratas “desapontados” e afirmando que o Chega “tem de se apresentar como uma alternativa credível e sólida”.

“Vou dar tudo para que no dia 30 nós todos juntos possamos celebrar a enorme vitória de chegar aos 15% nas legislativas”, referiu André Ventura, estabelecendo o objetivo do partido para as eleições legislativas do próximo dia 30 de janeiro.

Num Congresso extraordinário convocado depois de o Tribunal Constitucional considerar que as alterações estatutárias introduzidas pelo Chega no congresso de Évora, em setembro de 2020, foram ilegais, os delegados voltaram a aprovar os atos do partido, designadamente os estatutos, as nomeações e os atos eleitorais.

André Ventura aproveitou também a reunião magna para reforçar os seus poderes: numa moção aprovada sem votos contra, o líder do Chega passou a poder “indicar os candidatos em qualquer ato eleitoral” em que o partido participe, e a dissolver os órgãos nacionais.

Se já figurava em todos os cartazes, Ventura passa agora a ter um domínio quase absoluto sobre o partido, ficando com carta branca para mexer no partido.

Num dos poucos momentos de divisão entre os congressistas, uma moção que propunha acabar com a eleição de delegados, que passariam a ser apenas indicados, foi chumbada, com alguns militantes a contestarem a proposta e pedindo “democracia” e “liberdade”.

No último dia, as listas próprias apresentadas por André Ventura para os órgãos nacionais foram todas aprovadas, com a nova Direção Nacional a ter o apoio de 85,3% e introduzindo como única alteração a substituição na vice-presidência de Maria Motta Veiga pelo deputado açoriano José Pacheco.

No discurso de encerramento do Congresso, o líder do Chega apropriou-se do lema do ditador Oliveira Salazar durante o Estado Novo, “Deus, Pátria e Família”, acrescentando-lhe apenas a palavra “Trabalho”, para sintetizar os valores em que o partido acredita.

“'Deus, Pátria, Família e Trabalho', é nisto que este partido acredita e continuará a acreditar", afirmou André Ventura, no mesmo discurso em que se assumiu como herdeiro do falecido antigo primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro (PPD).

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