“O que é o assédio no trabalho? Quem são as vítimas e os agressores? Como lidar com uma situação de assédio?” são questões às quais os psicólogos procuram dar resposta no documento, elaborado com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.

De acordo com a Ordem, o assédio no trabalho inclui ações (palavras, atitudes e comportamentos) praticadas com a intenção de degradar, humilhar, intimidar ou manipular uma pessoa no local de trabalho, provocando um ambiente intimidatório, hostil, humilhante e desestabilizador.

Este tipo de comportamento tem um impacto negativo na dignidade, bem-estar e integridade física/psicológica do trabalhador ou trabalhadora. “Pode ser um incidente único ou um padrão de comportamento que se repete”, explica-se no documento.

A Ordem sublinha que esta é “uma forma de violação dos direitos humanos” e de “discriminação”, que pode acontecer a qualquer pessoa, em qualquer tipo de trabalho.

Associações de apoio especializado à vítima de violência sexual:

Quebrar o Silêncio (apoio para homens e rapazes vítimas de abusos sexuais)
910 846 589
apoio@quebrarosilencio.pt

Associação de Mulheres Contra a Violência - AMCV
213 802 165
ca@amcv.org.pt

Emancipação, Igualdade e Recuperação - EIR UMAR
914 736 078
eir.centro@gmail.com

“Pode ocorrer presencialmente ou a distância, seja através de e-mails, telefonemas, mensagens ou redes sociais", especifica.

Os psicólogos explicam que existem diferentes tipos de assédio no trabalho: moral (quando factos repetidos constituem uma ameaça ou perceção de ameaça) à integridade física e psicológica da pessoa e sexual, em situações de abuso que podem ser de caráter verbal ou não.

O documento apresenta ideias que ajudam a perceber e a reagir a estas situações. “Às vezes, demoramos algum tempo a perceber que determinados comportamentos ou situações constituíram assédio no trabalho. Às vezes, demoramos algum tempo a reconhecer que estamos a ser vítimas de assédio no trabalho. Às vezes, tentamos desvalorizar o que aconteceu ou procuramos justificações para desculpar quem agride”, lê-se no texto hoje divulgado.

O conselho dos psicólogos neste contexto é para que se reforcem as relações familiares e de amizade e que se partilhe a experiência com pessoas de confiança.

“Falar com outras vítimas de assédio no trabalho”, bem como investir no autocuidado são outras propostas apresentadas neste guia, sob a designação “Perguntas e Respostas sobre Assédio no Trabalho”.

“Apesar da sua prevalência, transversalidade e consequências, o assédio no trabalho pode ser difícil de reconhecer e de demonstrar e, por isso, é ainda pouco denunciado ou acaba mesmo por resultar em falta de provas, em retaliações para com os trabalhadores e trabalhadoras que são vítimas de assédio ou para com as testemunhas”, alerta o documento.

O assédio no trabalho pode manifestar-se em formas menos explicitas como atribuir sistematicamente ao trabalhador “funções estranhas ou desadequadas à categoria profissional” ou transferi-lo para outro setor, com a intenção de o isolar, alerta-se no documento.

Sublinhando que não existem estatísticas precisas sobre esta matéria, a Ordem dos Psicólogos apresenta dados de um estudo da OIT realizado 2022, segundo os quais uma em cada cinco pessoas empregadas foi vítima de algum tipo de assédio: 17,9% afirmaram ter sofrido assédio psicológico durante a vida profissional, 8,5% indicaram ter sido vítimas de assédio físico e 6,3% relataram ter sido vítimas de assédio sexual.